São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2004

Próximo Texto | Índice

IRAQUE SOB TUTELA

Explosões matam 7 na área diplomática da capital; no norte do país, 7 curdos morrem em atentado

Ataques em Bagdá e Mossul matam 14

DA REDAÇÃO

Ao menos sete pessoas morreram e outras 57 ficaram feridas ontem depois de ataques suicidas com dois carros-bomba, do lado de fora de uma delegacia de polícia situada perto da entrada principal da Zona Verde, em Bagdá.
Segundo a CNN, é de 16 o número de mortos na capital, embora não haja confirmação oficial.
Já em Mossul (norte), um homem jogou seu carro contra um ônibus que levava milicianos curdos, matando pelo menos sete. Segundo a polícia, todos eram ligados à União Patriótica do Curdistão, um dos dois principais partidos curdos do norte do Iraque. O partido apoiou a invasão liderada pelos EUA e faz parte do governo interino.
Em Bagdá, podia-se ver de longe uma longa coluna de fumaça negra saindo do local, uma região superprotegida que concentra a sede do governo interino, várias embaixadas estrangeiras e órgãos de imprensa.
Ainda não se sabe quantos policiais foram mortos nas duas explosões simultâneas, que também destruíram 35 veículos, incluindo 17 viaturas de polícia. Barulhos de disparos de tiros puderam ser ouvidos em seguida às explosões.
A explosão foi tão violenta que chegou a lançar um carro sobre o teto de um prédio anexo à delegacia. A área em torno do edifício foi rapidamente esvaziada pelas forças iraquianas e americanas.
Em outro ato de violência, um soldado foi morto e outro ficou ferido quando uma bomba colocada à margem de uma estrada perto de Baquba (nordeste de Bagdá) atingiu um comboio militar, informou o porta-voz das Forças Armadas dos EUA.
A insurgência tem atacado com freqüência policiais e delegacias iraquianos nos últimos tempos, o que seria parte de uma estratégia para destruir a confiança e a auto-estima das forças de segurança.
Na sexta-feira, foram disparados tiros de morteiro em direção a uma delegacia de polícia perto do aeroporto de Bagdá, matando pelo menos 11 policiais e permitindo a fuga de cerca de 50 presos.
No mesmo dia, em Mossul, insurgentes atacaram delegacias de polícia e patrulhas norte-americanas. As forças dos EUA abriram fogo, matando ao menos 22 rebeldes, disse o Exército.
No início da semana passada, uma outra delegacia de polícia, em uma parte remota do oeste do Iraque, havia sido atacada por forças rebeldes, deixando um saldo de 12 mortos.
No mês passado, em uma ação coordenada que durou dois dias, insurgentes atacaram mais de dez delegacias também na cidade de Mossul, roubando armas e equipamentos e, em seguida, ateando fogo aos edifícios.

Fonte de preocupação
Ataques contra forças de segurança locais assim como a falta de reação destas têm se tornado uma fonte de preocupação para os comandantes militares norte-americanos, que basearam sua estratégia para deixarem o país no fortalecimento da polícia e da Guarda Nacional.
Ao longo do último ano, os EUA investiram pesadamente no treinamento da polícia e na militarização da Guarda Nacional, mas um grande número de membros tem desertado diante do crescente número de ataques rebeldes.
Os EUA nutrem a esperança de que irão garantir a segurança do país até as eleições previstas para o fim de janeiro, mas há indícios de que isso não será possível, pelo menos em todo o país.
Durante a semana, o Pentágono anunciou que irá enviar nas próximas semanas mais de 12 mil soldados ao Iraque, com a intenção de garantir a segurança durante as eleições. O número de soldados norte-americanos deverá chegar, então, a 150 mil, o mais alto desde a invasão do país.
Com o ataque de ontem subiu para ao menos 991 o número de soldados americanos mortos em combate desde a invasão do Iraque, em 2003. Apenas os carros-bomba foram responsáveis pela morte de cerca de 30% deles.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Eleição em janeiro é impossível, diz enviado da ONU
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.