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INFORMÁTICA
Lenovo, que pode comprar a linha de computadores pessoais da empresa americana, busca ascensão global
Chinesa quer a IBM para ganhar o mundo
DO "NEW YORK TIMES
Ainda que virtualmente desconhecida nos EUA, a Lenovo
-que supostamente estaria negociando para adquirir a divisão
de computadores pessoais da
IBM- é a maior fabricante de
computadores pessoais da China
e a empresa de mais rápido crescimento do setor no mundo. E sua
posição serve como símbolo das
ambições dos gigantes industriais
emergentes da China, que anseiam por criar marcas mundiais
e por se tornar líderes no mercado
global sem ajuda de terceiros.
O Lenovo Group, parcialmente
controlado pelo governo chinês,
faturou mais de US$ 3 bilhões em
2003 e no momento está em oitavo lugar entre os maiores fabricantes mundiais de computadores pessoais. É o líder geral do
mercado asiático, excluído o Japão, onde a NEC e outras empresas dominam.
Sediada em Pequim e com ações
cotadas na Bolsa de Hong Kong, a
Lenovo deixou sua marca no
mercado com a produção de uma
linha de computadores pessoais
de baixo custo. Com vendas
imensas a agências do governo
chinês e escolas e imune às tarifas
impostas contra marcas estrangeiras como Dell, Hewlett-Packard e -até agora- IBM, a Lenovo hoje controla cerca de 27%
do mercado chinês de computadores pessoais, que em breve ultrapassará o do Japão para se tornar o segundo maior do mundo,
depois do norte-americano.
Mas a empresa vem enfrentando dificuldades no crescimento, à
medida que tenta manter sua participação de mercado em casa e se
aventurar no Ocidente.
O preço das ações do grupo caiu
depois que a Lenovo reportou receita inferior à esperada, mencionando uma guerra de preços contra Dell, Hewlett-Packard e IBM
no mercado chinês.
A Lenovo talvez não compre a
divisão de computadores pessoais
da IBM porque há pelo menos
mais um potencial comprador
envolvido nas negociações. Mas,
se a Lenovo obtiver sucesso, adquirir a divisão da IBM aliviaria
parte da pressão competitiva que
a aflige no mercado interno.
A Lenovo sabe também que
precisa expandir sua participação
no mercado mundial para além
dos 2,6% atuais. Adquirir a divisão da IBM, que hoje ocupa a terceira posição entre os fabricantes
de computadores mundiais, elevaria sua participação a 8,6%
-ainda o terceiro posto, mas um
pouco mais perto da Dell (18%) e
da Hewlett-Packard (16,1%).
Como parte de sua campanha
mundial, a empresa, no início do
ano, abandonou o antigo nome,
Legend, em favor do atual e entrou na disputa das grandes marcas mundiais ao assinar como patrocinadora da Olimpíada de Inverno de 2006 e dos Jogos de Pequim, em 2008.
Determinar por quanto tempo e
em que medida a Lenovo ou outro comprador da divisão de computadores pessoais da IBM poderia continuar usando a marca
IBM talvez venha a se tornar uma
das questões cruciais da negociação. Mas a empresa deixou claro
que está aberta a negociar. Fundada em 1984 por um grupo de cientistas chineses, com financiamento do governo, a então Legend começou como distribuidora de
computadores e impressoras,
vendendo modelos IBM, AST e
Hewlett-Packard na China.
No final dos anos 80, porém, como exemplo de uma tendência
que se reproduziria em muitos setores da economia chinesa, a empresa passou a trabalhar em atividade mais sofisticada, projetando
computadores próprios. Por volta
de 1997, já havia ultrapassado a
IBM para conquistar a liderança
nas vendas de computadores pessoais na China.
Mas concorrer no mercado global por conta própria, especialmente contra a eficiência industrial que é motivo de tantos elogios à Dell, pode ser complicado
para a Lenovo. Um especialista
norte-americano em capital para
empreendimentos que visitou recentemente a fábrica da Lenovo
em Xangai disse estar surpreso
por não haver a urgência e o movimento frenético que havia observado em visita a uma fábrica
da Dell em Round Rock (Texas).
Disse que na Lenovo a linha de
produção funciona muito devagar se comparada à da Dell.
Além disso, com o rápido crescimento da China, os consumidores, cada vez mais prósperos e interessados em marcas, estão se
voltando a computadores IBM,
Dell e Hewlett-Packard. Os executivos da Lenovo estão determinados a competir com essas marcas
mais conhecidas, dizendo que a
empresa não quer ser conhecida
apenas como fornecedor de baixo
custo. A linha de produtos da IBM
automaticamente daria mais
prestígio ao nome Lenovo.
De outra forma, disse, a Lenovo
enfrentará os mesmos problemas
de reconhecimento de marca que
prejudicam a sul-coreana Acer,
quinta no mercado mundial, mas
pouco conhecida nos EUA.
Tradução de Paulo Migliacci
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