São Paulo, sexta-feira, 05 de dezembro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / TROCA DA GUARDA

Obama pede a embaixadores políticos que ofereçam cargo

Entre postos pedidos está o de Clifford Sobel, que hoje representa os EUA no Brasil

Americano gostaria de ficar; são cotados para sucedê-lo Thomas Shannon, nome de América Latina, e Anthony Harrington, ex-embaixador

SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

O comando de transição de Barack Obama enviou carta a todos os embaixadores americanos indicados politicamente pedindo que coloquem o cargo à disposição a partir da posse do presidente eleito, em 20 de janeiro. Dos cerca de 160 principais postos diplomáticos dos EUA no mundo, cerca de 50 preenchem o critério, inclusive o da Embaixada no Brasil.
O cargo é ocupado atualmente por Clifford Sobel. O bem-sucedido empresário de informática de Nova Jersey e importante arrecadador do Partido Republicano foi indicado por George W. Bush, primeiro para servir na Holanda, onde ficou de 2001 a 2005, depois para o Brasil, onde está desde o segundo semestre de 2006.
Entre os nomes que encabeçam a bolsa de apostas para sucedê-lo estão o de Thomas Shannon, diplomata de carreira que é hoje o número 1 do Departamento de Estado para a América Latina e que já manifestou reservadamente interesse, e o de Anthony Harrington -à frente do escritório de lobby Stonebridge International e ex-embaixador no Brasil sob Bill Clinton (2000-01)-, que tem a simpatia da futura secretária de Estado, Hillary Clinton.
O próprio Sobel não esconde sua vontade de permanecer no posto, no qual é visto como um embaixador atuante, que ultrapassou o caráter político inicial de sua indicação. A seu favor, está o relativo desinteresse que Obama tem demonstrado pelo país até agora, o que aumentaria as chances de o democrata manter, pelo menos a princípio, um nome que tem funcionado. O diplomata participa hoje de evento em Washington sobre as perspectivas das relações Brasil-EUA sob Obama.
Procurada pela Folha, a assessoria de Sobel confirmou que todos os embaixadores políticos receberam um telegrama pedindo para colocar os cargos à disposição.
Segundo a assessoria, porém, o remetente não seria Obama, mas o Departamento de Estado -e seria uma praxe nas transições de governo.
É prática comum nos EUA premiar com postos no exterior arrecadadores ou doadores importantes de campanha ou aliados que acabaram sem cargo no governo. Segundo cálculos informais, 30% dos 160 postos são ocupados assim -o restante é preenchido por diplomatas técnicos, de carreira.
Entre os postos requisitados por Obama estão lugares disputados como Londres, Paris e Tóquio. Para o primeiro, um dos nomes mais freqüentemente citados é o de Caroline Kennedy, filha de John F. Kennedy, que participou do comitê de campanha que selecionou Joe Biden como vice-presidente. Seu avô Joseph Kennedy ocupou o mesmo cargo diplomático nos anos 30.

Número 1 na AL
Já para a posição hoje de Shannon, de diplomata do Departamento de Estado mais graduado para a América Latina, começa a perder unanimidade o nome de Dan Restrepo, que na campanha foi apontado como um sucessor natural. A avaliação é a de que faltaria experiência a ele para um cargo desse tipo e importância.
Entre as atribuições do posto estão lidar com México, o maior parceiro latino-americano dos EUA, Colômbia, o principal parceiro sul-americano, e países problemáticos como a Venezuela e Cuba. Restrepo poderia ocupar o cargo equivalente ao de Dan Fisk sob Bush, de responsável pela América Latina no Conselho de Segurança Nacional. Responderia assim a Obama e não a Hillary.

Colaborou ELIANE CANTANHÊDE, colunista da Folha



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