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SUCESSÃO NOS EUA / TROCA DA GUARDA
Obama pede a embaixadores políticos que ofereçam cargo
Entre postos pedidos está o de Clifford Sobel, que hoje representa os EUA no Brasil
Americano gostaria de ficar; são cotados para sucedê-lo Thomas Shannon, nome de América Latina, e Anthony Harrington, ex-embaixador
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
O comando de transição de
Barack Obama enviou carta a
todos os embaixadores americanos indicados politicamente
pedindo que coloquem o cargo
à disposição a partir da posse
do presidente eleito, em 20 de
janeiro. Dos cerca de 160 principais postos diplomáticos dos
EUA no mundo, cerca de 50
preenchem o critério, inclusive
o da Embaixada no Brasil.
O cargo é ocupado atualmente por Clifford Sobel. O bem-sucedido empresário de informática de Nova Jersey e importante arrecadador do Partido
Republicano foi indicado por
George W. Bush, primeiro para
servir na Holanda, onde ficou
de 2001 a 2005, depois para o
Brasil, onde está desde o segundo semestre de 2006.
Entre os nomes que encabeçam a bolsa de apostas para sucedê-lo estão o de Thomas
Shannon, diplomata de carreira que é hoje o número 1 do Departamento de Estado para a
América Latina e que já manifestou reservadamente interesse, e o de Anthony Harrington
-à frente do escritório de lobby
Stonebridge International e ex-embaixador no Brasil sob Bill
Clinton (2000-01)-, que tem a
simpatia da futura secretária de
Estado, Hillary Clinton.
O próprio Sobel não esconde
sua vontade de permanecer no
posto, no qual é visto como um
embaixador atuante, que ultrapassou o caráter político inicial
de sua indicação. A seu favor,
está o relativo desinteresse que
Obama tem demonstrado pelo
país até agora, o que aumentaria as chances de o democrata
manter, pelo menos a princípio, um nome que tem funcionado. O diplomata participa
hoje de evento em Washington
sobre as perspectivas das relações Brasil-EUA sob Obama.
Procurada pela Folha, a assessoria de Sobel confirmou
que todos os embaixadores políticos receberam um telegrama pedindo para colocar os
cargos à disposição.
Segundo a assessoria, porém,
o remetente não seria Obama,
mas o Departamento de Estado
-e seria uma praxe nas transições de governo.
É prática comum nos EUA
premiar com postos no exterior arrecadadores ou doadores
importantes de campanha ou
aliados que acabaram sem cargo no governo. Segundo cálculos informais, 30% dos 160 postos são ocupados assim -o restante é preenchido por diplomatas técnicos, de carreira.
Entre os postos requisitados
por Obama estão lugares disputados como Londres, Paris e
Tóquio. Para o primeiro, um
dos nomes mais freqüentemente citados é o de Caroline
Kennedy, filha de John F. Kennedy, que participou do comitê
de campanha que selecionou
Joe Biden como vice-presidente. Seu avô Joseph Kennedy
ocupou o mesmo cargo diplomático nos anos 30.
Número 1 na AL
Já para a posição hoje de
Shannon, de diplomata do Departamento de Estado mais
graduado para a América Latina, começa a perder unanimidade o nome de Dan Restrepo,
que na campanha foi apontado
como um sucessor natural. A
avaliação é a de que faltaria experiência a ele para um cargo
desse tipo e importância.
Entre as atribuições do posto
estão lidar com México, o
maior parceiro latino-americano dos EUA, Colômbia, o principal parceiro sul-americano, e
países problemáticos como a
Venezuela e Cuba. Restrepo
poderia ocupar o cargo equivalente ao de Dan Fisk sob Bush,
de responsável pela América
Latina no Conselho de Segurança Nacional. Responderia
assim a Obama e não a Hillary.
Colaborou ELIANE CANTANHÊDE,
colunista da Folha
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