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Conflito urbano piora crise humanitária no território
Israel anuncia morte de mais 3 soldados; gerador de hospital só dura mais três dias
Israel autoriza ingresso de comboio de mantimentos pelo sul e nega que venha usando munição proibida
na investida contra o Hamas
DA REDAÇÃO
O décimo dia da ofensiva israelense ao Hamas e terceiro
consecutivo de ataques terrestres contra a faixa de Gaza registrou ontem, pela primeira
vez, confrontos dentro da malha urbana da região, uma das
mais densamente povoadas localidades do mundo, com 1,5
milhão de habitantes concentrados em cerca de 360 km2.
À noite, o Exército israelense
reportou a morte de três soldados -o quarto desde sábado-
por "fogo amigo" de um de seus
tanques. O Hamas teria perdido "dezenas" de milicianos,
mas não há número fechado.
O avanço segue paralelo à
piora das condições humanitárias e, até agora, não impediu o
emprego de foguetes contra Israel -ontem, disse a polícia, foram lançados ao menos 24.
Não houve registro de feridos.
No lado palestino, o saldo de
mortos desde o início da ofensiva passava de 540, quando
Hassan Khalaf, diretor do hospital Shifa, o maior da região,
alertou que os geradores da entidade dispõem de combustível
para operar por só mais três
dias. A cidade não tem energia
desde sexta-feira.
O caos no hospital é ilustrado
pela falta de espaço no necrotério. Cada gaveta mortuária tem
sido usada para dois cadáveres
-e ainda há corpos que ficam
no chão, como os de três crianças da família Samouni, que teve 13 membros mortos ontem
por um tanque israelense.
O jornal britânico "The
Guardian" citou dados da Gisha, ONG humanitária israelense, que registrou corte de energia em 75% da faixa de Gaza e
informou que 48 dos 130 poços
da região não operam por falta
de energia -deixando mais de
500 mil pessoas sem água.
Já o israelense "Haaretz"
narrou a dificuldade que uma
família enfrentou em busca de
socorro após sua casa ter sido
atingida em Zeitoun. "Vinte
horas mais tarde, os feridos
[duas octogenárias e três jovens entre 10 e 14 anos] continuavam sangrando numa edícula no quintal. Não havia eletricidade, aquecimento nem
água. Os parentes estavam com
eles, mas sempre que tentavam
deixar o quintal para buscar
água, o Exército atirava neles."
Embates
Segundo moradores de Gaza
(únicas fontes disponíveis além
do Exército, que impede a entrada de jornalistas), os confrontos mais acirrados foram
no leste da Cidade de Gaza, onde tropas tinham cobertura.
Testemunhas relataram que,
antes da aproximação terrestre, aviões israelenses lançaram panfletos em árabe, orientando moradores das periferias
a se deslocarem para o centro
das cidades, por segurança.
Em Jerusalém, Ehud Barak,
o ministro da Defesa israelense, declarou que a Cidade de
Gaza estava quase totalmente
cercada por forças invasoras.
Quatro campos de refugiados
no norte da região foram novamente bombardeados ontem
(inclusive a partir do mar).
No sul da faixa de Gaza também houve bombardeios -a seção foi separada do resto da região por uma coluna de tanques
israelenses, responsável ainda
pelo cerco ao sul da Cidade de
Gaza. Ali, Israel alegou ter destruído túneis usados pelo Hamas, na fronteira com o Egito.
Os militares destacaram o fato de terem permitido o ingresso de um comboio de ajuda humanitária e, em reação a questionamentos sobre o uso de fósforo branco, insistiram que têm
"operado de acordo com a lei
internacional, incluindo no uso
de armas e munição".
A dúvida surgiu a partir de
imagens de colunas de fumaça
branca em Gaza, o que especialistas em armamento apontaram como fósforo branco, composto químico que Israel admitiu ter usado na ação que conduziu contra o Hizbollah no sul
do Líbano em 2006. A nota de
ontem não detalhou o produto
usado na atual ofensiva.
O fósforo branco foi usado
por EUA e Reino Unido no Iraque e produz fumaça usada como camuflagem para deslocamentos terrestres, mas causa
queimaduras graves se lançado
como munição. O tratado de
Genebra, de 1980, veda sua utilização em áreas civis.
Com agências internacionais e "Financial Times"
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