São Paulo, quarta-feira, 06 de janeiro de 2010

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"Ataque poderia ter sido evitado", diz Obama

Presidente afirma que EUA têm de avançar sempre para combater evolução da Al Qaeda

Transferências de presos de Guantánamo para o Iêmen são suspensas, mas Casa Branca mantém plano de fechar a prisão em Cuba

Kevin Lamarque/Reuters
Obama se aproxima de púlpito antes do discurso de ontem sobre segurança, em Washington

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem que o país poderia ter evitado a tentativa de ataque a um voo americano rumo a Detroit no Natal. Segundo Obama, assim como a rede Al Qaeda e seus aliados têm buscado evoluir e se adaptar com o objetivo de atingir o país, os EUA precisam melhorar constantemente seu sistema de segurança para derrotar o terrorismo.
Em pronunciamento após reunião com os principais membros do governo e representantes dos órgãos de segurança, Obama afirmou que a Inteligência americana tinha informações suficientes para deter a tentativa de ataque.
"Elementos da nossa Inteligência sabiam que Umar Farouk Abdulmutallab [o nigeriano que tentou se explodir durante o voo] tinha viajado para o Iêmen e se encontrado com extremistas. Agora parece que a Inteligência sabia de outros sinais de alerta. Sabia que a Al Qaeda da península Arábica buscava atingir não só alvos americanos no Iêmen como os EUA em si", disse.
O presidente afirmou que a falha na segurança não foi na coleta de informações, mas na análise e integração de dados coletados. Obama enfatizou que a falha é inaceitável. Disse ainda que o sistema de segurança passará por mudanças para ser aprimorado e que isso deverá ser feito rapidamente.
O presidente enumerou as medidas adotadas desde o dia 25 de dezembro, como as regras mais rígidas na revista de passageiros e a revisão da lista de passageiros sob observação -que recebem uma revista mais minuciosa- e de pessoas que não podem voar para os EUA. Segundo Obama, o processo final de revisão será concluído nos próximos dias.
Nos últimos dias, centenas de nomes foram incluídos na lista de observação.
Desde o ataque frustrado, autoridades dos EUA revogaram vistos de diversos suspeitos de envolvimento com terrorismo, entre eles, o próprio Abdulmutallab, 23, segundo o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley.
Segundo o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, desde que foi preso, Abdulmutallab tem fornecido "informações úteis" ao país durante interrogatório com o FBI.
O governo anunciou ontem a suspensão das transferências dos presos de Guantánamo para o Iêmen. Apesar disso, Obama reforçou que a medida não significa que o governo tenha desistido de fechar a prisão que reúne os detentos da chamada "guerra ao terror".
"Sempre foi nossa intenção transferir os detentos para outros países somente sob condições que permitam que nossa segurança esteja protegida", afirmou o presidente.
Ele destacou que o Iêmen enfrenta problemas de segurança e que os EUA estão auxiliando o governo iemenita.
Segundo Obama, o fechamento da prisão de Guantánamo, uma de suas promessas de campanha, é essencial porque ela funciona como uma ferramenta de recrutamento da Al Qaeda e teria ajudado inclusive a estimular o crescimento do braço iemenita da organização.
Em seu discurso mais duro sobre o ataque frustrado no Natal, Obama destacou sua insatisfação com as falhas da Inteligência. Ele disse que será preciso assumir responsabilidades, mas não apontou culpados nem anunciou demissões.
O encontro com Obama reuniu a secretária de Estado, Hillary Clinton, o secretário da Defesa, Robert Gates e a secretária de Segurança Doméstica, Janet Napolitano, entre outros altos membros do governo.


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