São Paulo, quinta-feira, 06 de janeiro de 2011 |
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Embate por maioria domina Assembleia Posse marca retorno de oposicionistas ao Legislativo na Venezuela, esvaziado por decretos de Hugo Chávez Presidente diz que seus deputados "triturarão" oposição; coalizão põe como prioridade lei de desarmamento
FLÁVIA MARREIRO DE CARACAS Deputados governistas e da oposição na Venezuela transformaram a posse da nova Assembleia Nacional ontem em uma crispada disputa sobre quem é "maioria" no país -no Parlamento e nas ruas-, uma alusão à corrida presidencial de 2012. A sessão inaugural do Legislativo marcou a volta dos parlamentares oposicionistas à Casa, cinco anos após terem boicotado as eleições legislativas de 2005. Os governistas terão maioria simples -98 das 165 cadeiras. E o presidente Hugo Chávez terá prerrogativa para legislar por decreto em nove áreas nos próximos 18 meses, o que limita a margem de manobra dos opositores. Ainda assim, as forças antichavistas passaram dos 13 dissidentes do Parlamento passado para 67 cadeiras -65 da coalizão de partidos Mesa de Unidade e 2 do esquerdista Pátria para Todos- e a diferença se fez sentir no debate do plenário. "Venho falar em nome da imensa maioria manifestada pelo voto popular", discursou o oposicionista Alfonso Marquina, embalando a disputa da "maioria" que dominaria parte da sessão. Atrás do deputado, oposicionistas exibiam cartazes com a cifra 52%, o número de votos que a oposição, incluindo o PPT, diz ter conseguido nas urnas nas legislativas, contra 47% do chavista PSUV e aliados nanicos. Antes, a deputada chavista Cilia Flores havia citado a "maioria que o povo se deu nesta Assembleia" e repetia: 98 cadeiras são mais que 65. Graças a ela, o oficialismo garantiu todos os nomes da direção da Casa (presidente, vices e secretários). Os números finais da eleição de setembro jamais foram divulgados, mas mesmo Chávez admite que houve ao menos equilíbrio entre os blocos no voto popular. A diferença entre cadeiras e votos se explica pela distorção do sistema distrital misto adotado na Venezuela, aprofundada por modificações aprovadas pelo chavismo. CANDIDATO E LEI Ontem, ao saudar os deputados governistas no centro de Caracas, o presidente venezuelano voltou ao tema. "Que [os oposicionistas] ocupem o espaço que lhes cabe, mas nunca voltarão a ser maioria em nenhuma parte. Nunca voltarão ao [palácio presidencial] Miraflores", disse. "Nossos deputados os triturarão." E arrematou: "Esse soldado será candidato em 2012". A plateia gritava: "Somos maioria com Hugo Chávez Frias". Anteontem, na TV, o presidente havia feito um discurso mais ameno, pedindo "respeito" aos deputados da oposição. Desistiu de duas medidas controversas recentes: vetou a lei das universidades e recuou do aumento do imposto ao consumo. Em documento, a Mesa da Unidade colocou a lei do desarmamento como prioridade legislativa. Três deputados oposicionistas que respondem a processos penais na Justiça não tomaram posse: José Sánchez, Biaggio Pillieri e Hernán Alemán. Foram representados por suplentes. A Assembleia criou uma comissão que tem 30 dias para se pronunciar sobre o tema. Próximo Texto: Embaixada: Chávez faz sugestão de nomes a EUA Índice | Comunicar Erros |
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