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Cristina Kirchner viaja à França em campanha
Visita oficial consolida candidatura à Presidência da primeira-dama e gera críticas
Ministro diz que ela será
"próxima presidente";
Eduardo Duhalde, principal
cacique peronista, é contra;
eleição será em outubro
BRUNO LIMA
DE BUENOS AIRES
Em missão oficial, como fez
há 30 anos a então primeira-dama Evita Perón (1919-1952),
a senadora argentina Cristina
Fernández de Kirchner, 53, virtual candidata nas eleições de
outubro para a Casa Rosada,
iniciou ontem visita à França
para representar seu país, substituindo o marido, o presidente
Néstor Kirchner.
Mesmo sem o devido aval do
Congresso para aceitar a missão, a primeira-dama, que viaja
acompanhada de representantes de mães e avós da Praça de
Maio e do chanceler argentino,
Jorge Taiana, assina hoje uma
convenção internacional contra o desaparecimento forçado
de pessoas -tema de direitos
humanos ligado à principal
bandeira política de Kirchner.
A viagem esquentou o clima
de campanha na Argentina. Enquanto os governistas dão como certa a desistência do presidente de concorrer à reeleição,
indicando a mulher como candidata, os opositores subiram o
tom das críticas contra ela.
No fim de semana, o ex-presidente Eduardo Duhalde, desafeto de Kirchner e principal
cacique do peronismo na atualidade, pela primeira vez manifestou-se abertamente contra a
eventual candidatura de Cristina, afirmando que lhe falta "experiência de gestão".
Duhalde vinha agindo silenciosamente dentro do PJ (Partido Justicialista ou peronista)
para minar a continuidade do
kirchnerismo. O ex-presidente,
que disputa com seu sucessor o
mérito pela recuperação econômica, lembrou ainda que 5
dos 8 ministros de Kirchner fizeram parte de seu governo.
O presidenciável Mauricio
Macri, líder da coalizão de centro-direita PRO e presidente do
clube de futebol Boca Juniors,
engrossou o coro e disse que a
candidatura da primeira-dama
é "uma falta de respeito". "Não
vivo em uma monarquia em
que se indica o cônjuge para
que continue", declarou.
A resposta ao ataque veio da
boca do ministro do Interior,
Aníbal Fernández, que também integrou o governo Duhalde. Ele afirmou ontem que
Cristina será "a próxima presidente" e que ela é "a figura política mais importante dos últimos 50 anos" no país. Ex-deputada e eleita três vezes senadora, a primeira-dama tem carreira política independente da do
marido.
Efeméride
O clima político parece conspirar para a subida de Cristina
na sacada "de La Rosada", exatamente 55 anos após a morte
de Evita. A efeméride, que se
cumpre em 26 de julho deste
ano, pode ser um empurrãozinho a mais para a campanha da
senadora.
A verdadeira força governista, porém, vem da incapacidade
de união das forças opositoras e
sobretudo do fracasso da aproximação entre Macri e o ex-ministro da Economia Roberto
Lavagna, candidato com mais
chances de ameaçar o "casal K".
Ontem, Cristina aproveitou
para se reunir com a candidata
socialista à Presidência da
França, Ségolène Royal, que,
como a argentina, tem 53 anos.
O encontro -que aconteceu
em um período ruim para Royal, com a divulgação de pesquisas que dão a vitória ao candidato de direita, Nicolas Sarkozy- faz parte da política de
Cristina de ligar sua imagem à
de mulheres de destaque. Antes, a primeira-dama já esteve
com a senadora e pré-candidata à Presidência dos EUA Hillary Clinton, com a presidente
do Chile, Michelle Bachelet, e
até com Shakira, embora a cantora colombiana seja nora do
ex-presidente radical Fernando de la Rúa, que renunciou em
2001.
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