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NUCLEAR
Intenções do regime islâmico são discutidas por agência da ONU, que pode levar o caso ao Conselho de Segurança
Irã ameaça acelerar a produção de urânio
DA REDAÇÃO
O Irã ameaçou ontem desencadear um programa de enriquecimento de urânio "em escala industrial", caso o Conselho de Governadores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica)
decida, em reunião a ser aberta
hoje em Viena, encaminhar seu
programa nuclear ao Conselho de
Segurança da ONU.
"A pesquisa e o desenvolvimento na área nuclear fazem parte de
nosso interesse nacional, e o Irã
não mudará de posição", afirmou
em Teerã o principal negociador
iraniano, Ali Larijani. Também
afirmou que a produção de combustível nuclear em larga escala
seria a resposta de seu país, caso a
ONU ameace com sanções.
Pouco antes, o porta-voz da diplomacia iraniana, Hamid Reza
Assefi, reafirmara que seu país
prosseguiria com suas pesquisas
na área nuclear, já que "a propaganda e a intimidação jamais nos
atemorizarão".
A AIEA, agência da ONU que
supervisiona o uso pacífico da
energia nuclear, havia aprovado
em 4 de fevereiro uma resolução
que exortava o Irã a interromper
o enriquecimento de urânio.
Caso comprove que o pedido foi
rejeitado, restará à agência a alternativa de encaminhar o caso ao
CS, onde a regime islâmico islâmica poderia sofrer punições.
A agência acredita que o governo iraniano possui um programa
nuclear paralelo para a produção
da bomba atômica. Teerã argumenta, no entanto, que procura
apenas obter tecnologia e combustível para centrais termonucleares que gerariam eletricidade.
A questão possui controvérsias
técnicas. Teoricamente, o Irã pode enriquecer urânio. Essa atividade não é proibida pelo Tratado
de Não-Proliferação, da qual é
signatário. O problema está na
falta de credibilidade do país, que
omitiu informações importantes
dos inspetores da AIEA.
Larijani disse ontem que a
transferência do caso ao Conselho
de Segurança "não levará nosso
país a recuar". Ele também deu a
entender que o Irã poderá reagir
às atuais pressões com a arma do
petróleo. A ameaça ganha peso
em razão de sua posição de quarto maior produtor mundial.
A AIEA discutirá a partir de hoje o relatório de seu diretor, o Nobel da Paz Mohammed ElBaradei.
O texto, já entregue à mídia, afirma que o Irã está utilizando 20
centrífugas para o enriquecimento de urânio e que tem rejeitado
inspeções a que está obrigado pelo Tratado de Não-Proliferação.
O processo de enriquecimento
foi reiniciado em janeiro, depois
de interrupção de dois anos, solicitada pelo Reino Unido, França e
Alemanha, que negociam em nome da União Européia. Representantes dos três países voltaram a
dialogar com o Irã há dias, mas de
maneira inconclusiva.
A UE esperava que Teerã chegasse a um acordo em suas negociações com a Rússia, para a criação de uma empresa binacional,
que produziria combustível nuclear em território russo. Essa alternativa seria aceitável para a comunidade internacional.
Os Estados Unidos acreditam
que o Irã utilize as negociações
com Moscou para ganhar tempo.
No Conselho de Segurança é
bastante improvável que sejam
imediatamente votadas sanções
econômicas. China e Rússia,
membros permanentes com direito a veto, opõem-se a essa solução radical. Aceitariam de início
apenas uma advertência. Pequim
e Moscou participam de programas internos de desenvolvimento
do Irã e hesitam em interromper
os lucros que esses programas
lhes proporcionam.
Com agências internacionais
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