São Paulo, terça-feira, 06 de março de 2007

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"Uso da força" no mundo leva Rússia a mudar doutrina militar

Anúncio ocorre em meio a tensão crescente causada pelo sistema de defesa que os EUA querem instalar em dois países europeus da antiga esfera soviética

DA REDAÇÃO

Evocando a necessidade de acompanhar o papel crescente da força nas relações internacionais, a Rússia anunciou ontem que está revendo a doutrina militar do país para ampliar sua capacidade de defesa.
O anúncio do Conselho de Segurança, órgão subordinado à Presidência, ocorre em meio à tensão recente entre a Rússia e os Estados Unidos, intensificada pela decisão americana de estender seu controvertido escudo antimísseis a dois países da antiga esfera soviética, República Tcheca e Polônia.
As explicações dos EUA de que o alvo do sistema não é a Rússia, mas um possível ataque de mísseis de países como Irã e Coréia do Norte, não convenceram o Kremlin, que ameaçou abandonar um acordo de desarmamento da época da Guerra Fria e até usar a força contra Polônia e República Tcheca.
Ontem, um general russo voltou à carga. ""Uma vez que os elementos de defesa contra mísseis são protegidos de forma frágil, todos os nossos modelos de aeronave são capazes de aplicar medidas eletrônicas contra eles ou destruí-los fisicamente", disse o general Igor Khvorov, chefe da força estratégica de bombardeiro.
O comunicado sobre a nova doutrina militar russa menciona o fortalecimento da Otan (aliança militar ocidental) como um dos motivos para a revisão. Mudanças geopolíticas e o desenvolvimento econômico da Rússia, segundo o comunicado, requerem ajustes na doutrina em vigor desde 2000.

Resposta a Putin
Num discurso de rara contundência, pronunciado durante uma conferência de defesa realizada na Alemanha, no mês passado, o presidente Vladimir Putin criticou a expansão da Otan para o leste da Europa e acusou os EUA de tornarem o mundo menos seguro com o uso desmedido da força.
O anúncio da nova doutrina parece uma resposta às preocupações de Putin. "Uma análise da situação internacional mostra que a força militar se tornou um fator crescentemente importante na política das nações líderes", diz o comunicado do Conselho de Segurança.
Diante desse quadro, a avaliação é que a Rússia precisa modernizar seu poderio bélico.
"Meios de guerra modernos estão sendo implementados ativamente, modos de usar a força estão sendo revistos, a configuração da presença militar está mudando e as alianças militares, particularmente a Otan, estão sendo fortalecidas", prossegue o anúncio.
"As Forças Armadas continuam sendo usadas como o principal instrumento para obter metas políticas e econômicas."


Com agências internacionais


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