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OEA apóia Equador, mas poupa Colômbia
Resolução de conciliação que reconhece violação do território equatoriano e não condena Bogotá diminui tensão regional
DANIEL BERGAMASCO
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
Depois de 14 horas de negociações, em dois dias, o Conselho Permanente da OEA (Organização dos Estados Americanos) chegou a uma declaração
de consenso sobre a invasão colombiana ao Equador na operação em que foi morto o dirigente das Farc (Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia),
Raúl Reyes, no último sábado.
Em reunião fechada, na sede
do órgão interamericano, em
Washington, a chanceler equatoriana Maria Isabel Salvador
abriu mão do pedido de que o
texto da resolução da OEA utilizasse o verbo "condenar" para
se referir ao episódio. A proposta de condenação da Colômbia
tinha o apoio da Venezuela e da
Nicarágua.
Em contrapartida, a Colômbia reconheceu, ao concordar
com o documento, que "o ocorrido constituiu uma violação da
soberania e integridade territorial do Equador e dos princípios do direito internacional".
A resolução, que menciona o
episódio da fronteira em seu
preâmbulo e cita ponto da Carta da OEA de que o direito de
defesa "não autoriza atos injustos" de um país contra outros
Estados, foi aprovada por aclamação, em plenário.
Após os aplausos, contudo, o
representante da Nicarágua
-que tem litígios de fronteira
com a Colômbia- declarou que
não concorda com a resolução e
que o país se sente ameaçado
por Bogotá. Os EUA, aliados da
Colômbia, fizeram uma ressalva ao texto, declarando que discorda do trecho que diz que Bogotá violou o direito internacional. Os EUA se valeram da
mesma premissa -atacar um
país acusado de abrigar organização terrorista- contra o Afeganistão.
Jorge Valero Briceño, representante da Venezuela, disse à
Folha que, "mesmo sem o uso
da palavra específica, o acordo
condena a atitude da Colômbia.
Foi uma condenação". A ministra Maria Isabel Salvador disse
que o "o pedido de condenação
foi mal entendido". "Nosso pedido inicial era condenar a invasão e não condenar o país."
A resolução determinou a
instauração de uma comissão
para averiguar os fatos, que será integrada por quatro embaixadores, escolhidos pelo secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza. O Equador defendia que o título da comissão tivesse o termo "investigação",
mas também cedeu nisso.
O Brasil, líder da proposta de
se criar a comissão, pleiteia integrá-la. "É uma aspiração nossa, imagino que estaremos nela", prevê Osmar Chohfi, embaixador brasileiro na OEA.
Por fim, os países acertaram
que chanceleres dos países-membros se reunirão na sede
da organização em 17 de março
para debater o episódio. O
Equador pedia mais urgência
na data, para o dia 11 deste mês.
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