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Uribe baixa tom e mira economia
Colombiano, que agradeceu apoio de Bush, anuncia plano econômico para atenuar efeito de crise
Desavença com Venezuela pode diminuir crescimento do país; criticado, governo indica que desistirá de acusar Chávez de genocídio
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A BOGOTÁ
Após quatro dias de crise diplomática com os vizinhos
Equador e Venezuela, o governo da Colômbia anunciou ontem um plano econômico de
emergência para ajudar empresas e cidades de fronteira, ao
mesmo tempo em que baixou o
tom da retórica política.
Ontem, Uribe falou apenas
para agradecer o presidente
dos EUA, o aliado George W.
Bush, pelo "apoio à Colômbia"
e ao "chamado patriótico" que
fez ao Congresso americano
para a aprovação do Tratado de
Livre Comércio entre os dois
países. "Agradeço às palavras
que pronunciou ontem [anteontem] George W. Bush, de
apoio a Colômbia."
Anteontem, o presidente colombiano ameaçou denunciar
Chávez ao Tribunal Penal Internacional por financiamento
de genocídio, com base no suposto fornecimento de US$
300 milhões às Farc. O jornal
colombiano "El Tiempo" criticou a intenção em seu editorial:
"Não tem que cair na tentação
da "diplomacia do microfone"
nem na beligerância retórica do
chavismo". Após cinco horas de
reunião com a Comissão Assessora de Relações Exteriores,
formada por ex-presidentes e
políticos, a questão foi repassada a um grupo de juristas, para
análise, e quase posto de lado.
Resposta econômica
Nos últimos anos, a Colômbia vem crescendo mais de 5%
ao ano, mas a crise, principalmente com a Venezuela, poderia fazer a Colômbia crescer 1,3
ponto percentual a menos já
neste ano e causar a perda de
100 mil postos de trabalho, segundo cálculos do governo.
Para evitar a retração, o ministro da Fazenda da Colômbia,
Oscar Iván Zuluaga, anunciou
ontem a criação de linhas de
crédito com taxas de juros e
prazo especiais para empresas
exportadoras. Ainda não há
montante definido, mas será
crédito em dólares e em pesos,
para as pequenas empresas.
A Venezuela é destino de
17,4% do total de exportações
da Colômbia, chegando a 50%
no caso de produtos manufaturados. Para o Equador vão
3,2%. O plano da indústria e do
governo é deslocar essas vendas para países do Caribe e da
América do Sul, além do mercado interno. No caso das importações, o governo vai buscar novos fornecedores, o que cria
oportunidades para o Brasil.
Já a falta de combustíveis será mais sentida em cidades da
fronteira, segundo o governo
colombiano. Para estas localidades, além do fornecimento
de gasolina, haverá projetos de
qualificação de mão-de-obra.
A crise entre Bogotá e Caracas tem causado dificuldades
não só econômicas aos cidadãos dos dois países.
O colombiano Jaime Gutierrez, 38, tem casamento marcado em Caracas no dia 29 de
março. Não conseguia, conforme disse à Folha, informações
do consulado venezuelano, onde seu passaporte está desde o
mês passado.
Já Helda Reyes, 33, tem uma
cirurgia marcada em Caracas
na próxima semana. Fez o pedido de visto há oito dias, pagou US$ 30 e não sabe o que fazer. "Disseram que não tinham
papel para imprimir o visto."
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