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Restrição de gasolina leva a greve na divisa
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A SAN ANTONIO
DEL TÁCHIRA (VENEZUELA)
Mesmo sem a presença de
tropas, o principal ponto da
fronteira entre Colômbia e
Venezuela voltou a ter um
dia tenso ontem por causa
das retaliações econômicas
adotadas pelo governo Hugo
Chávez depois do ataque colombiano em território do
Equador, seu aliado.
Pela manhã, um grupo de
motoqueiros bloqueou por
alguns minutos a ponte Simón Bolívar, que une os dois
países, em protesto contra a
restrição na venda de gasolina em San Antonio del Táchira -uma medida adotada
pelo governo para coibir o
contrabando do produto para a Colômbia. A gasolina
vendida na Venezuela é uma
das baratas do mundo -custa o equivalente a R$ 7 o litro.
Na Colômbia, o preço é de
cerca de R$ 1,8.
Contrabando
Pelo mesmo motivo, todo
o transporte público, feito
com ônibus e vans, cruzou os
braços por tempo indeterminado. "O presidente não disse para atropelar o povo, mas
aqui acatam as ordens ao revés", diz Juan Suarez, dono
de um táxi que "opera por
posto", isto é, carrega até
quatro pessoas de um só vez
em linhas fixas. "As regras
aqui dependem do gênio do
funcionário."
Os condutores alegam que
o governo restringiu ontem a
venda para apenas 20 litros
de combustível por ônibus
-normalmente, podem
comprar 72 litros. Além disso, a Guarda Nacional só permitia que os veículos de
transporte público atravessassem para a Colômbia com
no máximo quatro litros no
tanque -o restante era retirado e apreendido.
Suspeitos de fazer contrabando de gasolina, os cerca
de 2.000 veículos de transporte urbano da fronteira
são submetidos a regras rígidas: só podem abastecer uma
vez por dia num posto determinado pelo governo. Muitos motoristas costumam
dormir na fila, que dura de
três a quatro horas.
"Nós não somos "gasolineiros" [contrabandistas], mas
tampouco criticamos os que
fazem porque aqui não têm
trabalho", disse o presidente
do sindicato dos condutores,
Celestino Moreno. Segundo
ele, é uma "greve obrigatória,
já que não tem gasolina".
Sem tanques
Além da restrição à gasolina -os colombianos estão
proibidos de comprá-la em
San Antonio-, o governo
Chávez também vetou a entrada de caminhões do país
vizinho, com a exceção dos
que transportam alimentos
perecíveis. Durante alguns
momentos, a fronteira só ficou aberta a pedestres.
O reforço de tropas e tanques, no entanto, ainda não
chegou à região de San Antonio, apesar de o ministro da
Defesa, Gustavo Rangel Briceño, ter dito ontem que cerca de 85% das tropas previstas já estarem mobilizadas.
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