São Paulo, domingo, 06 de março de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros Testemunhas falam em "massacre" e pedem ajuda MARCELO NINIO ENVIADO ESPECIAL A BENGHAZI Em seu maior contra-ataque desde o início dos conflitos na Líbia, há 19 dias, forças do ditador Muammar Gaddafi entraram em confronto com rebeldes na cidade de Zawiya, 50 km a oeste da capital, Trípoli, no que foi descrito como "massacre" por testemunhas. Relatos sobre o número de mortos são muito divergentes -fala-se de 70 a 200. Depois dos pesados confrontos, porém, de acordo com os rebeldes, os governistas tiveram de recuar, embora a mídia estatal líbia tenha divulgado que o ditador reassumiu o controle da cidade. "É um massacre, estão atingindo civis, estão nos atacando de todas as direções", afirmou o médico Mohammed Ahmad, 31. Segundo ele, relatos apontam pelo menos 70 mortos em apenas uma das regiões da cidade. "Ouvem-se tiros por toda parte. É uma loucura. Por que a comunidade internacional não intervém?", pergunta. Na semana passada, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse analisar opções "militares e não militares" para pôr fim à crise. Até a noite de ontem, as forças pró-Gaddafi mantinham o cerco a Zawiya, onde se encontram as maiores refinarias de petróleo do país. No cenário de guerra civil, os rebelados também declararam vitória sobre Gaddafi em Ras Lanuf, importante polo petrolífero no leste do país. Estratégica, a cidade é considerada o último obstáculo para o avanço em direção ao centro da Líbia. As forças antirregime marcham para Sirte, cidade natal do ditador, que perde em importância somente para a capital, Trípoli. Os rebeldes já estão em Hrawah, que fica a cerca de 100 km de Sirte. "Só restaram Sirte e Trípoli nas mãos de Gaddafi", afirmou à Folha Intisal Agili, membro do comitê popular que funciona como governo provisório dos rebeldes em Benghazi, onde teve início o levante. "Se Sirte cair, metade do trabalho estará feito." DESABASTECIMENTO Após mais de duas semanas de insurgência, o leste do país sofre de desabastecimento."Há mais de uma semana não consigo frutas nem legumes e produtos como cigarros dobraram de preço", disse Zaidan Jibril, dono de uma mercearia. Embora os confrontos em Ras Lanuf tenham sido menos sangrentos, o número de mortos e feridos também foi alto. Fonte do hospital de Brega, para onde foram levados os feridos, disse que há pelo menos 20 mortos. O progresso dos rebeldes tem sido feito de forma desordenada. Eles estão munidos de armas leves, como fuzis Kalashnikov e pistolas, e sua superioridade numérica pode ser insuficiente contra a artilharia pesada do ditador. Em entrevista ao semanário francês "Le Journal du Dimanche", publicada hoje, Gaddafi disse que autorizaria a entrada de comissão da ONU ou da União Africana para verificar a situação. Segundo o Departamento de Estado dos EUA, quatro aviões militares estão levando ao Cairo os refugiados egípcios que já cruzaram a fronteira líbia com a Tunísia. Com agências de notícias Texto Anterior: Gaddafi lança seu maior contra-ataque Próximo Texto: Rebeldes rechaçam invasão por terra, mas querem apoio aéreo Índice | Comunicar Erros

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