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IRAQUE OCUPADO
Seguidores de Al Sadr continuam rebelião; clérigo se refugia em mesquita ao sul de Bagdá e desafia EUA
EUA ameaçam prender líder xiita rebelde
DA REDAÇÃO
Autoridades dos EUA ameaçaram ontem prender o líder xiita
radical Moqtada al Sadr, que está
por trás de um levante contra a
ocupação americana iniciado no
fim de semana. Refugiado em
uma mesquita em Kufa, ao sul de
Bagdá, protegido por sua milícia,
ele manteve o tom desafiador.
Dan Senor, porta-voz da administração americana em Bagdá,
disse que um juiz iraquiano havia
emitido uma ordem de prisão
contra Al Sadr há vários meses em
conexão com o assassinato de um
outro líder religioso xiita em 2003.
Senor não explicou por que a
suposta ordem de prisão só foi revelada agora. O objetivo parece
ser pressionar Al Sadr.
Protestos de xiitas em sete cidades iraquianas anteontem resultaram na morte de ao menos 48 iraquianos, oito soldados americanos e um soldado salvadorenho.
"Não há chance de ele se entregar. Se tentarem prendê-lo, haverá uma explosão", disse um seguidor em Sadr City, região pobre de
Bagdá, de maioria xiita, antes chamado de Saddam City, e que recebeu o novo nome em homenagem ao pai de Al Sadr, um importante aiatolá assassinado por Saddam Hussein. É um dos focos do
levante e bastião de Al Sadr.
Desde a queda de Saddam Hussein, em abril de 2003, os EUA
têm enfrentado forte resistência
por parte de insurgentes sunitas,
que são minoria no Iraque, mas
controlavam o poder no regime
do sunita Saddam. Já os xiitas
-que são maioria e eram reprimidos por Saddam- têm realizado protestos contra a ocupação,
mas geralmente sem violência.
Diante da perspectiva de rebeliões sunitas e xiitas, os EUA já estudam enviar mais soldados para
o Iraque. Atualmente, há 130 mil.
O crescimento da violência
ocorre no momento em que o enviado da ONU, o argelino Lakhdar Brahimi, chega a Bagdá para
discutir com os EUA e com o
Conselho de Governo Iraquiano
(submetido à administração americana) a transferência de poder e
futuras eleições.
Ontem, o clima seguia tenso em
Sadr City. Anteontem, seguidores
de Al Sadr tentaram tomar postos
policiais na região. Blindados
americanos cercaram o bairro.
Helicópteros bombardearam alvos em Shula, outro distrito de
maioria xiita da capital, em resposta, segundo fontes americanas, a ataques às forças de ocupação. Não havia informações sobre
mortos ou feridos.
Em Basra, a segunda cidade
mais importante do país (maioria
xiita), seguidores de Al Sadr tentaram tomar prédios do governo.
Tropas britânicas reagiram.
Também houve conflitos em
Najaf, cidade sagrada xiita, e em
Amarah, ambas no sul do país.
A ordem de prisão contra Al
Sadr está relacionada ao assassinato do aiatolá Abdul Majid al
Khoei numa mesquita de Najaf há
um ano. Ele nega envolvimento.
Ontem, o administrador americano em Bagdá, Paul Bremer,
qualificou Al Sadr como "fora-da-lei" por tentar usurpar a autoridade legítima dos EUA e do Conselho de Governo Iraquiano.
Em nota, Al Sadr respondeu:
"Sou acusado por um dos líderes
do mal, Bremer, de ser um fora-da-lei. Se isso significa violar a lei
da tirania americana e sua nojenta
Constituição [iraquiana], tenho
orgulho disso".
"Todos precisam fazer o máximo para acalmar a situação", disse Mohammed Bahr al Uloom,
um dos representantes da maioria
xiita no Conselho Iraquiano.
Segundo Al Uloom, o aiatolá Ali
al Sistani, o principal líder xiita do
Iraque, também teria pedido calma, mas não houve uma declaração pública nesse sentido.
Al Sadr teria se recusado a receber uma delegação de líderes religiosos e políticos xiitas na mesquita de Kufa. Os principais líderes religiosos xiitas se opõem à
ocupação, mas a toleram por enquanto como única forma de reduzir os riscos de mais violência.
Com agências internacionais
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