|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMÉRICA DO SUL
Flores e García tentam ir ao segundo turno com Humala
Disputa em eleições no Peru é pelo segundo lugar
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A LIMA
A dinâmica campanha presidencial peruana chega à reta final
marcada por uma acirrada disputa entre a direitista Lourdes Flores
e o ex-presidente Alan García em
torno de quem vai enfrentar o
candidato nacionalista Ollanta
Humala no segundo turno, de
acordo com a análise das últimas
pesquisas de opinião.
"A luta até domingo está centrada em Flores e García. Esse é o tema fundamental. Humala vai
passar sem surpresas. O que é
preciso ver é se ele supera -e por
quanto-o que as pesquisas têm
lhe dado, se há voto escondido ou
não", disse à Folha Giovanna Peñaflor, diretora do respeitado instituto de opinião Imasen, que faz
apenas levantamentos privados
para partidos e empresas.
Seu colega Manuel Saavedra, do
instituto CPI, concorda: "A pergunta agora é se García poderá alcançar Flores. Ela sofreu quedas
pequenas nos últimos meses, enquanto ele se recuperou aos poucos, de tal maneira que as últimas
pesquisas davam uma diferença
de 3 e 3,5 pontos percentuais entre os dois", disse à Folha.
Para Saavedra, não há dúvida de
que haverá um segundo turno em
9 de maio e de que Humala estará
na cédula: "A único incógnita é
quem o acompanha. Acho que
Flores ainda tem muito mais
chance do que García, mas não
sabemos o que pode ocorrer na
reta final". Pela lei eleitoral, a realização e a divulgação de pesquisas de opinião são proibidas na
última semana de campanha.
No último levantamento do
CPI, Humala teve 31,5% das intenções de voto, seguido por Flores (26,8%) e García (23,1%). Tanto Saavedra quanto Peñaflor rechaçam um cenário igual ao boliviano, em que Evo Morales ganhou no primeiro turno, contrariando todas as pesquisas.
Alfredo Torres, do Instituto
Apoyo, disse, em artigo publicado
no domingo, que a diferença entre García e Flores "é tão pequena
que a definição de que passará ao
segundo turno será "fotográfica'".
Depois de liderar em janeiro,
Humala voltou a ficar atrás de
Flores, mas se recuperou nas últimas semanas e consolidou uma
vantagem pequena. Ex-tenente-coronel e admirador do venezuelano Hugo Chávez, ele resistiu a
uma forte campanha da grande
imprensa, alimentada por denúncias sobre seu passado militar e
por declarações estapafúrdias de
membros de sua família -o pai,
por exemplo, defende que apenas
os indígenas deveriam ser considerados cidadãos no Peru.
Já a queda de Flores tem sido
atribuída, em parte, à ação de
García, que não escondeu de interlocutores que o seu cenário
ideal seria a disputa do segundo
turno com Humala. Essa estratégia se traduziu em ataques diários
contra Flores, acusando-a de
"candidata dos ricos e dos poderosos". Ontem, disse que um segundo turno entre ela e Humala
seria escolher entre "a ditadura
militar e a ditadura do dinheiro".
Flores se defende lembrando o
governo de García (1985-90), que
teve alta inflação, aumento de ataques terroristas do Sendero Luminoso e crise econômica.
"García começou a atacar Flores
a ponto de tirar-lhe alguns pontos. Mas esses pontos fortaleceram Humala", disse Saavedra.
Em 2001, García e Flores travaram uma batalha semelhante pelo
segundo turno contra Alejandro
Toledo. O ex-presidente venceu
por mero 1,48 ponto percentual.
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Análise: A "inoculação" de Chávez Índice
|