São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2007

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Primeiro livro do papa cita Marx e diz que ricos saquearam África

Em "Jesus de Nazaré", Bento 16 mostra importância atual do bom samaritano

Plinio Lepri/Associated Press
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DA REDAÇÃO

Em seu primeiro livro como papa, Bento 16 condena o saque espiritual e material da África. Também cita Karl Marx para ilustrar que a parábola bíblica do bom samaritano tem relevância ainda nos dias de hoje.
"Jesus de Nazaré", que chega às livrarias italianas em 16 de abril, quando o pontífice comemora 80 anos, também afirma que a humanidade precisa redescobrir como ser boa.
A referência ao filósofo alemão fundador do comunismo moderno está no sétimo capítulo, aponta um excerto publicado pelo jornal "Corriere della Sera", propriedade do mesmo grupo que editará o livro em italiano, alemão e polonês.
"Marx descreve a alienação humana de uma maneira drástica. Ainda que limite seu raciocínio à esfera material, dá uma imagem clara do homem que cai vítima de ladrões."
O livro -descrito pelo papa como um trabalho pessoal sobre a vida de Cristo para católicos em geral- traz a reflexão de Bento 16 sobre a parábola do bom samaritano, que resgata e cuida de um estranho que foi roubado e agredido.
"Não é verdade que o homem, durante sua história, encontra-se alienado, mutilado, abusado?" O papa amplia sua opinião aos dias de hoje: "Se aplicarmos isso a um mundo globalizado, veremos como é um problema nosso que as populações da África tenham sido roubadas e saqueadas".
Os ricos, escreve Bento 16, deixaram os pobres desnudos e os machucaram espiritualmente. "Em vez de darem o Deus que é próximo a nós em Cristo, trouxeram o cinismo do mundo sem Deus, onde só o poder e o lucro importam."
Em outro trecho, Bento 16 diz que "destruímos o critério moral, então a corrupção e o desejo por poder sem escrúpulos se tornaram algo óbvio".
O papa critica o estilo de vida dos ricos, citando "vítimas de drogas, de tráfico humano, de turismo sexual, pessoas destruídas no interior, que são vazias apesar da abundância de bens materiais".
"Devemos aprender o risco de ser bom; podemos fazer isso se encontrarmos o bem dentro de nós", escreve o papa às vésperas de completar dois anos no cargo mais alto da igreja.


Com agências internacionais


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