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Karzai fala em se unir ao Taleban e irrita Casa Branca
ANDREA MURTA
DE WASHINGTON
Em ações que vêm preocupando a Casa Branca, o presidente do Afeganistão, Hamid
Karzai, fez ao menos dois discursos críticos às pressões externas sobre Cabul nos últimos
dias, chegando a afirmar que
prefere "se unir ao Taleban a se
dobrar à interferência internacional". O percebido afastamento chega cerca de uma semana após a primeira visita de
Barack Obama como presidente dos EUA ao país.
"As palavras de Karzai foram
genuinamente problemáticas",
disse ontem o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs. As declarações sobre o Taleban foram feitas em reunião fechada
com congressistas afegãos no
último sábado. Segundo participantes, o presidente afirmou
que, se a interferência internacional em seu governo continuar, ele se unirá aos radicais, e
o Taleban se tornará uma resistência legítima.
De acordo com os relatos,
Karzai parecia nervoso e exigiu
saber por que os congressistas
rejeitaram reformas legais que
fortaleceriam a autoridade do
presidente sobre as instituições eleitorais do país. Também afirmou que já havia conversado com a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, por telefone na última sexta, e não temia consequências
de suas ameaças.
Membros do governo americano viram nas palavras um ato
ensaiado para se afastar dos
EUA aos olhos dos afegãos.
Apesar da pouca credibilidade da sugestão de que se uniria
ao Taleban, os comentários de
Karzai reforçaram a impressão
de que o presidente, que depende dos EUA e da Otan (aliança
militar ocidental) para lutar
contra a insurgência e sustentar seu governo, está cada vez
mais errático e incapaz de exercer autoridade.
Karzai dera início à contenda
na última quinta, quando acusou o Ocidente de estar por trás
das fraudes que resultaram em
sua reeleição no ano passado,
com o objetivo de desacreditar
sua Presidência.
No domingo, Karzai fez mais
declarações polêmicas ao tentar angariar apoio público para
uma ofensiva planejada pelos
EUA e pela Otan na Província
de Candahar, a mais importante do sul do Afeganistão e lugar
de origem do Taleban. Ao lado
do general Stanley McChrystal,
comandante das forças americanas no país, Karzai disse a líderes tribais que eles serão
consultados antes que operações militares da coalizão ocidental na região sigam adiante.
"Não haverá operação até que
vocês estejam satisfeitos."
Ontem, porém, o porta-voz
do Departamento de Estado,
Phillip Crowley, afirmou que os
líderes tribais "não terão poder
de veto" sobre as ações.
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