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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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COLÔMBIA

Guillermo Gaviria havia sido sequestrado em 2002; outros 9 reféns foram assassinados, inclusive ex-ministro

Governador morre em ação contra as Farc

DA REDAÇÃO

O governador do Departamento de Antioquia (noroeste da Colômbia), Guillermo Gaviria, 40, e o ex-ministro da Defesa Gilberto Echeverri, 69, sequestrados havia mais de um ano por guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), foram assassinados ontem durante uma tentativa de resgate, informou o governo colombiano. Outros oito reféns, todos militares, também acabaram mortos.
O comunicado, lido pelo porta-voz da Presidência, Ricardo Galán, afirma que a operação foi precedida de seis dias de preparação e tinha como objetivo libertar 13 reféns localizados em um acampamento das Farc.
Segundo o governo, as tropas não fizeram nenhum disparo. "Não houve combate", diz a nota, que acusa um chefe das Farc de dar a ordem para matar os reféns. Além dos mortos, dois ficaram feridos e apenas um escapou ileso.
Em um comunicado divulgado por rádio, um autodeclarado porta-voz da guerrilha afirma que as mortes ocorreram devido a enfrentamentos entre guerrilheiros e militares durante uma operação de resgate do Exército.
"As Farc responsabilizam diretamente o senhor [presidente] Álvaro Uribe pelo ocorrido", diz o comunicado. Uribe, que governou Antioquia entre 1995 e 1998, viajou de emergência a Medellín, capital do Departamento.
A mulher do governador assassinado, Yolanda Pinto, disse em entrevista que perdoa quem matou seu marido e que continuará trabalhando pela paz.
"Eu ainda não sei quem o assassinou, mas a qualquer um que tenha sido eu ofereço primeiro meu perdão, meu sentimento de reconciliação", disse.

Reféns ilustres
Gaviria e Echeverri haviam sido sequestrados no dia 21 de abril do ano passado, durante uma marcha pela paz na região. Os dois faziam parte de uma lista de personalidades sequestradas que a guerrilha marxista pretendia trocar por guerrilheiros presos.
Fazem parte ainda da lista de sequestrados a ex-senadora e ex-candidata a presidente Ingrid Betancourt, 12 deputados regionais do Departamento de Valle del Cauca, o ex-senador Jorge Eduardo Gechem Turbay e três membros do Departamento da Defesa dos EUA, entre outros.
O partido de Betencourt, Verde Oxigênio, pediu ontem que governo não tente resgatá-la. Segundo o partido, o fato de ela ser uma sequestrada política "não é nenhuma garantia para a proteção de sua vida". A ex-candidata está sequestrada desde 22 de fevereiro do ano passado.
O secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), César Gaviria, condenou os assassinatos. "Esse é um crime covarde das Farc, que priva a Colômbia de homens excepcionais, com uma vocação de paz e de serviço que os distinguiu durante toda a sua vida", disse.

Condições
Antes do anúncio das mortes, Uribe havia repetido as quatro condições que o governo estabelece para um acordo humanitário de troca de sequestrados por guerrilheiros presos. O governo exige a participação da ONU nas negociações, a libertação de todos os sequestrados, que os rebeldes libertados deixem o país e que o acordo seja fechado sem a desmilitarização de nenhuma região do país, como exigem as Farc.
Segundo Uribe, o governo daria "todo tipo de facilidades humanitárias" para a troca. Segundo ele, haveria permissão para que órgãos como a Cruz Vermelha Internacional recolhesse os sequestrados libertados em qualquer parte do país, sem a presença militar. "Mas desmilitarização não faremos de nenhuma maneira."


Com agências internacionais


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