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Brasil espera kits para poder fazer diagnósticos
País monitora 56 casos; 73 já foram descartados
CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Há mais de uma semana monitorando casos suspeitos de
gripe suína, o Brasil ainda não
dispõe do teste para confirmar
a doença. O Ministério da Saúde não sabe informar ao certo
quando o país vai recebê-lo e
diz apenas que os kits para
diagnóstico devem chegar até o
final desta semana.
Até a tarde de ontem, o Ministério da Saúde acompanhava 28 casos suspeitos e 28 pessoas com sintomas, mas que
não estiveram em países com
casos confirmados. Outros 73
casos haviam sido descartados.
A Organização Mundial da
Saúde liberou na quinta-feira
passada o sequenciamento genético do A (H1N1), informação
essencial para produzir os testes de identificação do vírus. A
partir daí, fábricas nos EUA e
no Canadá começaram a fabricar os reagentes usados no exame de biologia molecular.
Até ontem, a informação do
Ministério da Saúde era a de
que nenhum país da América
do Sul havia recebido o material. A Colômbia, que já tem um
caso confirmado da gripe, mandou a amostra para os EUA.
"Estamos esperando os kits
para testar os casos suspeitos. A
informação que tínhamos era
de que os kits chegariam hoje
[ontem], mas até agora não temos nenhuma informação. Estamos de mãos atadas", disse
ontem David Uip, diretor do
Instituto Emílio Ribas.
Segundo o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Luiz
Roberto Barradas Barata, o país
optou por esperar a chegada
dos kits porque, do contrário, a
espera pelo resultado seria ainda maior. "O caso da Colômbia
é de 20 dias atrás. Eles demoraram dez dias para receber o resultado. No Brasil, nossa expectativa é ter essa resposta até o
final desta semana", diz.
Segundo a médica sanitarista
Marta Salomão, diretora do
Instituto Adolfo Lutz, não seria
prático enviar amostras brasileiras para os EUA, pois há cerca de 20 mil exames do México
aguardando resultado.
"É melhor esperarmos os
reagentes e testarmos aqui, já
que o tratamento independe do
diagnóstico. As pessoas suspeitas que apresentam quadro clínico compatível já estão recebendo tratamento", afirma.
De acordo com Maria do Carmo Timenetsky, diretora do
Serviço de Virologia do Instituto Adolfo Lutz, por enquanto os
diagnósticos são por exclusão.
Para isso, a secreção nasal é
testada duas vezes. No primeiro exame, um painel de reagentes aponta se a pessoa tem influenza ou outros vírus. Paralelamente, é realizado o sequenciamento genético da amostra,
para detectar se o influenza é
do tipo A ou B e se é humano.
"Se o resultado deu positivo
para outro vírus, o paciente é
excluído da lista, pois não terá
os dois vírus. Se o resultado for
positivo para influenza do tipo
A, essa amostra ficará pendente, pois ainda não temos como
saber se é influenza suína ou
humana", explica a virologista.
A assessoria de imprensa da
Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) informou que
os testes saíram dos EUA na
noite de segunda e que a previsão era que chegassem ao Brasil
até a meia-noite de ontem. A
Opas não soube dizer o número
de kits que o país receberá.
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