São Paulo, quarta-feira, 06 de maio de 2009

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Brasil espera kits para poder fazer diagnósticos

País monitora 56 casos; 73 já foram descartados

CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA BASSETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Há mais de uma semana monitorando casos suspeitos de gripe suína, o Brasil ainda não dispõe do teste para confirmar a doença. O Ministério da Saúde não sabe informar ao certo quando o país vai recebê-lo e diz apenas que os kits para diagnóstico devem chegar até o final desta semana.
Até a tarde de ontem, o Ministério da Saúde acompanhava 28 casos suspeitos e 28 pessoas com sintomas, mas que não estiveram em países com casos confirmados. Outros 73 casos haviam sido descartados.
A Organização Mundial da Saúde liberou na quinta-feira passada o sequenciamento genético do A (H1N1), informação essencial para produzir os testes de identificação do vírus. A partir daí, fábricas nos EUA e no Canadá começaram a fabricar os reagentes usados no exame de biologia molecular.
Até ontem, a informação do Ministério da Saúde era a de que nenhum país da América do Sul havia recebido o material. A Colômbia, que já tem um caso confirmado da gripe, mandou a amostra para os EUA.
"Estamos esperando os kits para testar os casos suspeitos. A informação que tínhamos era de que os kits chegariam hoje [ontem], mas até agora não temos nenhuma informação. Estamos de mãos atadas", disse ontem David Uip, diretor do Instituto Emílio Ribas.
Segundo o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, o país optou por esperar a chegada dos kits porque, do contrário, a espera pelo resultado seria ainda maior. "O caso da Colômbia é de 20 dias atrás. Eles demoraram dez dias para receber o resultado. No Brasil, nossa expectativa é ter essa resposta até o final desta semana", diz.
Segundo a médica sanitarista Marta Salomão, diretora do Instituto Adolfo Lutz, não seria prático enviar amostras brasileiras para os EUA, pois há cerca de 20 mil exames do México aguardando resultado.
"É melhor esperarmos os reagentes e testarmos aqui, já que o tratamento independe do diagnóstico. As pessoas suspeitas que apresentam quadro clínico compatível já estão recebendo tratamento", afirma.
De acordo com Maria do Carmo Timenetsky, diretora do Serviço de Virologia do Instituto Adolfo Lutz, por enquanto os diagnósticos são por exclusão.
Para isso, a secreção nasal é testada duas vezes. No primeiro exame, um painel de reagentes aponta se a pessoa tem influenza ou outros vírus. Paralelamente, é realizado o sequenciamento genético da amostra, para detectar se o influenza é do tipo A ou B e se é humano.
"Se o resultado deu positivo para outro vírus, o paciente é excluído da lista, pois não terá os dois vírus. Se o resultado for positivo para influenza do tipo A, essa amostra ficará pendente, pois ainda não temos como saber se é influenza suína ou humana", explica a virologista.
A assessoria de imprensa da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde) informou que os testes saíram dos EUA na noite de segunda e que a previsão era que chegassem ao Brasil até a meia-noite de ontem. A Opas não soube dizer o número de kits que o país receberá.


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