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Geórgia debela motim e acusa a Rússia
Presidente Mikhail Saakashvili diz que "objetivo foi levante em grande escala" e pede a vizinho que "cesse provocações"
Moscou nega acusação, que diz visar desviar atenção de problemas internos; tensão remete a conflito de 2008 sobre regiões autonomistas
Irakli Gedenidze/Associated Press
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Saakashvili chega a base amotinada protegido por seguranças |
DA REDAÇÃO
A Geórgia disse ter debelado
ontem motim em uma base militar próxima à capital Tbilisi e
acusou a Rússia de estar por
trás de um plano para depor o
presidente do país, Mikhail
Saakashvili, que vem enfrentando crescentes protestos
oposicionistas. Moscou negou
com veemência as alegações.
O episódio ocorre na véspera
do início na ex-república soviética de manobras da Otan
(aliança militar ocidental), que
deverão se estender até o início
de junho. O anúncio dos exercícios gerou reação da Rússia,
que vê na movimentação uma
"demonstração de força".
Rússia e Geórgia travaram
uma guerra de seis dias em
agosto do ano passado depois
que Tbilisi invadiu a região autonomista da Ossétia do Sul para reprimir separatistas, gerando reação russa considerada
desproporcional no Ocidente.
A Rússia obteve ampla vitória e
ocupou militarmente a Ossétia
do Sul e outra região autonomista georgiana, a Abkházia.
Por volta do meio-dia local de
ontem, o ministro da Defesa,
David Sikharulidze, disse ter sido impedido de entrar na base
de Mukhrovani (30 km de Tbilisi), que abriga 500 militares.
Três horas depois, o Ministério do Interior anunciou a deposição das armas pelos amotinados. Forças de segurança e
30 tanques chegaram a ser deslocados para o local, e o próprio
Saakashvili negociou a rendição. Não houve feridos.
Foram detidos pelo governo
o comandante da base e sete
soldados, além de outros 13 civis que se somaram ao motim.
"A situação está sob controle", disse Saakashvili mais tarde
em pronunciamento televisivo.
"O objetivo foi criar um cenário
de levante armado em grande
escala e atentar contra a soberania da Geórgia e a integração
atlântica e europeia", afirmou.
Desde que assumiu, em
2004, após liderar a Revolução
Rosa, Saakashvili promove
aproximação com o Ocidente a
fim de integrar o país à Otan.
No pronunciamento de ontem, o presidente georgiano pediu para que "o vizinho do norte cesse as provocações". Não
foram apresentadas provas do
suposto envolvimento russo.
Desde o mês passado, Saakashvili enfrenta crescentes
protestos da oposição, que o
acusa de ter começado o conflito com a Rússia, cujo desfecho
foi amplamente desfavorável
aos georgianos, e de governar
de maneira antidemocrática.
O porta-voz do Ministério do
Interior, Shota Utiashvili, disse
haver "informações de que os
rebeldes estavam em contato
direto com os russos, de quem
recebiam ordens e dinheiro".
A Chancelaria russa disse
que o país "não se intromete
por princípio nos assuntos internos da Geórgia" e tachou de
"absurdas" as acusações. Para
Moscou, o episódio visa desviar
a atenção da delicada condição
política interna de Saakashvili.
Os EUA, que sob George W.
Bush não titubearam em manifestar apoio a Tbilisi no conflito
com Moscou, disseram ontem,
por meio do Departamento da
Defesa, acreditar que o fato se
trate de "incidente isolado". O
presidente Barack Obama tenta distensão com a Rússia.
Otan
O chanceler russo, Serguei
Lavrov, cancelou ontem participação em encontro da Otan
no fim do mês em protesto aos
exercícios na Geórgia e à recente expulsão de dois diplomatas
russos da sede da aliança por
suposta espionagem.
O encontro seria o ponto alto
da reaproximação ensaiada por
Moscou e a Otan após o congelamento das relações por parte
da aliança no ano passado, em
protesto ao que considerou uso
exagerado de força da Rússia
no conflito com a Geórgia.
Com agências internacionais
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