São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2010

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Câmara argentina aprova casamento gay

Mesmo sob protestos da Igreja Católica, deputados dão aval a projeto, que agora segue para o Senado

DE BUENOS AIRES

Com o voto favorável do ex-presidente e atual deputado federal Néstor Kirchner, a Câmara dos Deputados da Argentina aprovou na madrugada de ontem um projeto que reformula o código civil do país e torna legal o casamento gay.
Durou mais de 12 horas a discussão prévia à votação, que registrou 126 votos a favor, 109 contra e cinco abstenções. Os partidos liberaram os legisladores para votar segundo as próprias convicções morais.
Para que se torne lei, o projeto terá de ser aprovado pelo Senado, onde sua votação ainda não está agendada. Até o momento, o casamento gay não foi legalizado em nenhum país da América Latina.
O trâmite para a votação na Câmara teve início no ano passado, mas a sessão decisiva foi adiada diversas vezes, porque não havia consenso nem entre os apoiadores da iniciativa sobre pontos cruciais do projeto, dentre os quais o mais polêmico era o da adoção. O texto não menciona a questão, mas a lei argentina atual não a impede.
Em nome da Igreja Católica, o bispo Antonio Marino reprovou ontem a decisão da Câmara. Ele classificou o projeto como "muito grave", por "alterar de modo revolucionário o conceito de família".
A forte oposição da Igreja Católica ao projeto foi citada no debate em plenário, quando a deputada Elisa Carrió (Coalizão Cívica), que professa a fé católica e é opositora ao kirchnerismo, declarou: "Não vou desrespeitar a mim mesma. Eu poderia votar contra e ficar bem com a igreja. Eu poderia votar a favor e ficar bem com a comunidade homossexual. Não quero ficar bem com ninguém, por isso me abstenho".
Emocionado, o deputado Ricardo Cuccovillo (Partido Socialista) justificou seu voto contando que um de seus três filhos é gay e que os direitos de todos deveriam ser idênticos.
Autora do projeto, a deputada Vilma Ibarra disse que é "muito gratificante ser maioria com um projeto que defende a igualdade".
Além de apoiar o projeto de lei, entidades de defesa dos direitos homossexuais na Argentina adotaram como estratégia na questão inundar a Justiça de pedidos de autorização ao casamento gay.
Como resultado, desde 2009, cinco uniões gays foram celebradas no país.


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