|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Câmara argentina aprova casamento gay
Mesmo sob protestos da Igreja Católica, deputados dão aval a projeto, que agora segue para o Senado
DE BUENOS AIRES
Com o voto favorável do ex-presidente e atual deputado federal Néstor Kirchner, a Câmara dos Deputados da Argentina
aprovou na madrugada de ontem um projeto que reformula
o código civil do país e torna legal o casamento gay.
Durou mais de 12 horas a discussão prévia à votação, que registrou 126 votos a favor, 109
contra e cinco abstenções. Os
partidos liberaram os legisladores para votar segundo as
próprias convicções morais.
Para que se torne lei, o projeto terá de ser aprovado pelo Senado, onde sua votação ainda
não está agendada. Até o momento, o casamento gay não foi
legalizado em nenhum país da
América Latina.
O trâmite para a votação na
Câmara teve início no ano passado, mas a sessão decisiva foi
adiada diversas vezes, porque
não havia consenso nem entre
os apoiadores da iniciativa sobre pontos cruciais do projeto,
dentre os quais o mais polêmico era o da adoção. O texto não
menciona a questão, mas a lei
argentina atual não a impede.
Em nome da Igreja Católica,
o bispo Antonio Marino reprovou ontem a decisão da Câmara. Ele classificou o projeto como "muito grave", por "alterar
de modo revolucionário o conceito de família".
A forte oposição da Igreja Católica ao projeto foi citada no
debate em plenário, quando a
deputada Elisa Carrió (Coalizão Cívica), que professa a fé
católica e é opositora ao kirchnerismo, declarou: "Não vou
desrespeitar a mim mesma. Eu
poderia votar contra e ficar
bem com a igreja. Eu poderia
votar a favor e ficar bem com a
comunidade homossexual. Não
quero ficar bem com ninguém,
por isso me abstenho".
Emocionado, o deputado Ricardo Cuccovillo (Partido Socialista) justificou seu voto
contando que um de seus três
filhos é gay e que os direitos de
todos deveriam ser idênticos.
Autora do projeto, a deputada Vilma Ibarra disse que é
"muito gratificante ser maioria
com um projeto que defende a
igualdade".
Além de apoiar o projeto de
lei, entidades de defesa dos direitos homossexuais na Argentina adotaram como estratégia
na questão inundar a Justiça de
pedidos de autorização ao casamento gay.
Como resultado, desde 2009,
cinco uniões gays foram celebradas no país.
Texto Anterior: EUA impõem checagem mais ágil de viajante Próximo Texto: Brasil diz que boicotará cúpula com UE se líder hondurenho for Índice
|