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São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2003

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MÍDIA

O editor-executivo, Howell Raines, renuncia devido à crise de credibilidade causada pelos erros do repórter Jayson Blair

Fraude derruba editor do "New York Times"

DA REDAÇÃO

Os dois principais editores do "New York Times" renunciaram ontem em meio à crise provocada pelas fraudes jornalísticas do jovem repórter Jayson Blair.
O editor-executivo, Howell Raines, 60, e o secretário de Redação, Gerald Boyd, 52, saíram de uma reunião no meio da manhã e informaram a seus surpresos subordinados que haviam renunciado. Raines parecia desapontado, Boyd tinha lágrimas nos olhos, segundo repórteres.
"Ao me dirigir a vocês pela última vez, gostaria de agradecê-los pela honra de ser membro da melhor comunidade jornalística do mundo", disse Raines. "Lembrem-se, quando uma grande história surgir, corram atrás dela como loucos", concluiu.
A credibilidade do "Times" está sob suspeita desde 1º de maio, quando Blair, 27, pediu demissão após o jornal encontrar declarações e dados falsos, imprecisões e informações plagiadas em 36 dos 73 artigos escritos por ele entre outubro de 2002 e abril de 2003.
Em 11 de maio, o "Times" publicou um texto de quatro páginas detalhando os erros cometidos por Blair. O caso deu início a uma discussão sobre os procedimentos equivocados da Redação que teriam permitido que as fraudes passassem despercebidas.
E trouxe à tona insatisfações sobre o estilo de trabalho de Raines, que seria excessivamente hierárquico e distante. Raines teria ignorado alertas feitos por outros editores sobre Blair e foi acusado de promover o jovem repórter negro com o intuito de estimular a diversidade racial na Redação.
"Howell e Gerald ofereceram suas renúncias, e eu as aceitei com tristeza com base na crença de que é melhor para o "Times'", disse o publisher Arthur Sulzberger Jr., em nota. Seu pai, Arthur Sulzberger Sr., ex-publisher do "Times", participou da reunião, mas permaneceu em silêncio.
"Sinto por saber que mais pessoas caíram devido aos acontecimentos provocados por mim", disse Blair, em e-mail à CNN.
Raines tornou-se editor-executivo do "Times" alguns dias antes dos atentados de 11 de setembro de 2001. Em 2002, o jornal recebeu sete prêmios Pulitzer -cinco pela cobertura dos ataques.
Joseph Lelyveld, 66, que foi editor-executivo do "Times" por sete anos (até 2001), foi nomeado interinamente para o cargo. Durante sua gestão, o jornal ganhou 12 prêmios Pulitzer, introduziu cores em suas páginas e expandiu sua circulação.


Com agências internacionais


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