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MÍDIA
O editor-executivo, Howell Raines, renuncia devido à crise de credibilidade causada pelos erros do repórter Jayson Blair
Fraude derruba editor do "New York Times"
DA REDAÇÃO
Os dois principais editores do
"New York Times" renunciaram
ontem em meio à crise provocada
pelas fraudes jornalísticas do jovem repórter Jayson Blair.
O editor-executivo, Howell Raines, 60, e o secretário de Redação,
Gerald Boyd, 52, saíram de uma
reunião no meio da manhã e informaram a seus surpresos subordinados que haviam renunciado. Raines parecia desapontado, Boyd tinha lágrimas nos
olhos, segundo repórteres.
"Ao me dirigir a vocês pela última vez, gostaria de agradecê-los
pela honra de ser membro da melhor comunidade jornalística do
mundo", disse Raines. "Lembrem-se, quando uma grande história surgir, corram atrás dela como loucos", concluiu.
A credibilidade do "Times" está
sob suspeita desde 1º de maio,
quando Blair, 27, pediu demissão
após o jornal encontrar declarações e dados falsos, imprecisões e
informações plagiadas em 36 dos
73 artigos escritos por ele entre
outubro de 2002 e abril de 2003.
Em 11 de maio, o "Times" publicou um texto de quatro páginas
detalhando os erros cometidos
por Blair. O caso deu início a uma
discussão sobre os procedimentos equivocados da Redação que
teriam permitido que as fraudes
passassem despercebidas.
E trouxe à tona insatisfações sobre o estilo de trabalho de Raines,
que seria excessivamente hierárquico e distante. Raines teria ignorado alertas feitos por outros
editores sobre Blair e foi acusado
de promover o jovem repórter negro com o intuito de estimular a
diversidade racial na Redação.
"Howell e Gerald ofereceram
suas renúncias, e eu as aceitei com
tristeza com base na crença de
que é melhor para o "Times'", disse o publisher Arthur Sulzberger
Jr., em nota. Seu pai, Arthur Sulzberger Sr., ex-publisher do "Times", participou da reunião, mas
permaneceu em silêncio.
"Sinto por saber que mais pessoas caíram devido aos acontecimentos provocados por mim",
disse Blair, em e-mail à CNN.
Raines tornou-se editor-executivo do "Times" alguns dias antes
dos atentados de 11 de setembro
de 2001. Em 2002, o jornal recebeu
sete prêmios Pulitzer -cinco pela cobertura dos ataques.
Joseph Lelyveld, 66, que foi editor-executivo do "Times" por sete
anos (até 2001), foi nomeado interinamente para o cargo. Durante
sua gestão, o jornal ganhou 12
prêmios Pulitzer, introduziu cores em suas páginas e expandiu
sua circulação.
Com agências internacionais
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