São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2007

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Assessor de Cheney é condenado a 30 meses

Libby ainda pagará US$ 250 mil em caso de vazamento de nome de espiã cujo marido criticou Casa Branca

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

Lewis Libby, ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente americano, Dick Cheney, foi condenado ontem a 30 meses de prisão e a pagar uma multa de US$ 250 mil por perjúrio e obstrução da Justiça no caso do vazamento do nome da ex-espiã da CIA Valerie Plame, em 2003.
No início de março, diante de veredicto semelhante, a defesa havia solicitado um novo julgamento. Porém, novamente, Libby não foi considerado culpado pelo crime de divulgar a identidade de Plame mas sim por mentir, durante a investigação, sobre quando teria conversado pela primeira vez sobre o assunto com jornalistas.
"As pessoas que ocupam esse tipo de cargo, como estão com o bem-estar e a segurança do país em suas mãos, têm a especial obrigação de não fazer nada que possa criar um problema", disse, na véspera da nova audiência, o juiz Reggie Walton.
A pena foi considerada severa -mesmo apresentando bom comportamento na cadeia, Libby tem que cumprir no mínimo dois anos de reclusão-, o que deve aumentar a pressão de setores conservadores sobre George W. Bush para que perdoe o ex-assessor de Cheney.
Em comunicado, o vice elogiou Libby como sendo "um homem de grande inteligência, justiça e integridade pessoal, totalmente comprometido com os interesses vitais dos EUA e dos seus cidadãos".
Em 2002, o diplomata Joseph Wilson, marido de Plame, foi mandado ao Níger para verificar se o governo local estava vendendo urânio ao ditador iraquiano Saddam Hussein (1979-2003) e concluiu que tal informação era falsa. Entretanto o governo sustentou essa versão para justificar a invasão do Iraque, em março de 2003. O diplomata então publicou em julho daquele ano um artigo no qual acusava o governo de distorcer os fatos.
No que é visto como retaliação, a Casa Branca, na pessoa de Libby, disse a jornalistas que Plame trabalhava para a CIA -ter a identidade revelada é o fim da carreira de um espião.
Na época, o ex-assessor disse que não se lembrava das conversas com repórteres. Judith Miller, repórter do "The New York Times", foi presa por ter se recusado a dizer quem era o seu informante.
Libby, que recebeu calmamente a sentença ontem, é o mais alto funcionário da Casa Branca condenado por um delito grave na história recente.
Na próxima semana o juiz decidirá se o assessor deve ir imediatamente para a prisão ou se pode recorrer em liberdade -processo que pode demorar até um ano. Esse tempo é considerado muito importante estrategicamente pelos advogados de Libby, já que, se dado no final do seu mandato, um perdão por parte de Bush teria poucas conseqüências políticas para o presidente.
A porta-voz de Bush, Dana Perino, afirmou que ele não vai interferir enquanto houver possibilidade de apelação.
Plame está processando a CIA porque a agência proibiu que ela mencionasse, em seu livro de memórias, o período em que trabalhou para o serviço secreto. "Fair Game" (jogo justo) seria publicado em outubro.


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