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Assessor de Cheney é condenado a 30 meses
Libby ainda pagará US$ 250 mil em caso de vazamento de nome de espiã cujo marido criticou Casa Branca
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Lewis Libby, ex-chefe-de-gabinete do vice-presidente americano, Dick Cheney, foi condenado ontem a 30 meses de prisão e a pagar uma multa de US$
250 mil por perjúrio e obstrução da Justiça no caso do vazamento do nome da ex-espiã da
CIA Valerie Plame, em 2003.
No início de março, diante de
veredicto semelhante, a defesa
havia solicitado um novo julgamento. Porém, novamente,
Libby não foi considerado culpado pelo crime de divulgar a
identidade de Plame mas sim
por mentir, durante a investigação, sobre quando teria conversado pela primeira vez sobre
o assunto com jornalistas.
"As pessoas que ocupam esse
tipo de cargo, como estão com o
bem-estar e a segurança do país
em suas mãos, têm a especial
obrigação de não fazer nada
que possa criar um problema",
disse, na véspera da nova audiência, o juiz Reggie Walton.
A pena foi considerada severa -mesmo apresentando bom
comportamento na cadeia,
Libby tem que cumprir no mínimo dois anos de reclusão-, o
que deve aumentar a pressão
de setores conservadores sobre
George W. Bush para que perdoe o ex-assessor de Cheney.
Em comunicado, o vice elogiou Libby como sendo "um
homem de grande inteligência,
justiça e integridade pessoal,
totalmente comprometido
com os interesses vitais dos
EUA e dos seus cidadãos".
Em 2002, o diplomata Joseph Wilson, marido de Plame,
foi mandado ao Níger para verificar se o governo local estava
vendendo urânio ao ditador
iraquiano Saddam Hussein
(1979-2003) e concluiu que tal
informação era falsa. Entretanto o governo sustentou essa
versão para justificar a invasão
do Iraque, em março de 2003.
O diplomata então publicou em
julho daquele ano um artigo no
qual acusava o governo de distorcer os fatos.
No que é visto como retaliação, a Casa Branca, na pessoa
de Libby, disse a jornalistas que
Plame trabalhava para a CIA
-ter a identidade revelada é o
fim da carreira de um espião.
Na época, o ex-assessor disse
que não se lembrava das conversas com repórteres. Judith
Miller, repórter do "The New
York Times", foi presa por ter
se recusado a dizer quem era o
seu informante.
Libby, que recebeu calmamente a sentença ontem, é o
mais alto funcionário da Casa
Branca condenado por um delito grave na história recente.
Na próxima semana o juiz
decidirá se o assessor deve ir
imediatamente para a prisão ou
se pode recorrer em liberdade
-processo que pode demorar
até um ano. Esse tempo é considerado muito importante estrategicamente pelos advogados de Libby, já que, se dado no
final do seu mandato, um perdão por parte de Bush teria
poucas conseqüências políticas
para o presidente.
A porta-voz de Bush, Dana
Perino, afirmou que ele não vai
interferir enquanto houver
possibilidade de apelação.
Plame está processando a
CIA porque a agência proibiu
que ela mencionasse, em seu livro de memórias, o período em
que trabalhou para o serviço secreto. "Fair Game" (jogo justo)
seria publicado em outubro.
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