São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA/DESUNIÃO DEMOCRATA

Hillary reduz a pressão para ser vice de Obama

Criticada por ferocidade com que seus partidários reclamaram o posto, ela ressalta que escolha é uma decisão do ex-oponente
Presidenciável democrata diz que tomará decisão sem pressa; ex-primeira-dama confirma que no sábado anunciará apoio a senador

DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK

Alvo de críticas da imprensa e de lideranças do Partido Democrata por causa da pressão que seus partidários vinham fazendo para que o presidenciável Barack Obama a escolhesse como candidata a vice-presidente em sua chapa, a senadora Hillary Clinton, derrotada nas primárias do partido, recuou parcialmente ontem.
Por meio de um porta-voz de sua campanha, Hillary não descartou a possibilidade de vir a ocupar o posto, mas disse que não está buscando ser a vice de Obama na campanha para a eleição de 4 de novembro.
"Apesar de a senadora Clinton ter deixado claro que neste processo fará tudo para eleger um democrata para a Casa Branca, ela não está buscando a Vice-Presidência, e ninguém fala por ela", disse Howard Wolfson, um dos chefes da campanha da ex-primeira-dama, em declaração escrita ao jornal "The New York Times". "A escolha é do senador Obama e só dele", concluiu.
Pouco depois, em entrevista à CNN, Obama disse ao partido para "sossegar" sobre a escolha do seu companheiro de chapa. "Acho que não é só o meu interesse e o interesse da senadora Clinton [que contam], mas o interesse do Partido Democrata e o interesse do país, para ter certeza de que tomei a decisão correta", afirmou o senador, que na véspera nomeara uma comissão para o auxiliar na escolha. Ele afirmou ainda que é "um grande apreciador de tomar decisões corretamente, sem responder a pressões".
Em outra nota, também divulgada ontem, Hillary confirmou que no sábado vai anunciar seu apoio a Obama. "Eu disse durante toda a campanha que apoiaria o senador Obama se ele fosse o indicado do Partido Democrata e pretendo cumprir essa promessa."

Despedida prolongada
A admissão da derrota por parte da senadora é esperada desde terça-feira, quando terminaram as prévias do Partido Democrata, e Obama, por margem estreita, conseguiu o número de votos necessários para ser consagrado o candidato à Presidência na convenção do partido, em agosto.
Mas Hillary não só não reconheceu a vitória do senador como estimulou o público que a ouvia a acreditar que ela levaria a disputa "até Denver", onde ocorrerá a convenção.
Vários partidários e assessores da senadora também vieram a público desde então para dizer que Hillary estava interessada na candidatura à Vice-Presidência e a merecia. Ontem, editoriais e artigos da imprensa americana a criticaram por isso. Integrantes do partido que a apoiaram na campanha também fizeram críticas.
"Você não barganha com o candidato presidencial", disse o governador da Pensilvânia, Ed Rendell. "Mesmo se você é Hillary Clinton e tem 18 milhões de votos, não barganha."
"O senso comum diria que, se você quer entrar na chapa, não faz isso pressionando a pessoa que toma a decisão. Seria uma política idiota dizer à pessoa que ganhou o que ela deveria fazer", disse o congressista por Nova York Charlie Rangel.
Em editorial que repete idéia corrente na mídia local, o "Wall Street Journal" disse que Obama pareceria um candidato fraco se escolhesse a senadora como vice: "O primeiro teste de sua liderança como presidente em potencial vai ser responder à extraordinária campanha já em curso para intimidá-lo a escolher Hillary Clinton como parceira de chapa".


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