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SUCESSÃO NOS EUA/DESUNIÃO DEMOCRATA
Hillary reduz a pressão para ser vice de Obama
Criticada por ferocidade com que seus partidários reclamaram o posto, ela ressalta que escolha é uma decisão do ex-oponente
Presidenciável democrata diz que tomará decisão sem pressa; ex-primeira-dama confirma que no sábado anunciará apoio a senador
DANIEL BERGAMASCO
DE NOVA YORK
Alvo de críticas da imprensa
e de lideranças do Partido Democrata por causa da pressão
que seus partidários vinham fazendo para que o presidenciável Barack Obama a escolhesse
como candidata a vice-presidente em sua chapa, a senadora
Hillary Clinton, derrotada nas
primárias do partido, recuou
parcialmente ontem.
Por meio de um porta-voz de
sua campanha, Hillary não descartou a possibilidade de vir a
ocupar o posto, mas disse que
não está buscando ser a vice de
Obama na campanha para a
eleição de 4 de novembro.
"Apesar de a senadora Clinton ter deixado claro que neste
processo fará tudo para eleger
um democrata para a Casa
Branca, ela não está buscando a
Vice-Presidência, e ninguém
fala por ela", disse Howard
Wolfson, um dos chefes da
campanha da ex-primeira-dama, em declaração escrita ao
jornal "The New York Times".
"A escolha é do senador Obama
e só dele", concluiu.
Pouco depois, em entrevista
à CNN, Obama disse ao partido
para "sossegar" sobre a escolha
do seu companheiro de chapa.
"Acho que não é só o meu interesse e o interesse da senadora
Clinton [que contam], mas o interesse do Partido Democrata e
o interesse do país, para ter certeza de que tomei a decisão correta", afirmou o senador, que
na véspera nomeara uma comissão para o auxiliar na escolha. Ele afirmou ainda que é
"um grande apreciador de tomar decisões corretamente,
sem responder a pressões".
Em outra nota, também divulgada ontem, Hillary confirmou que no sábado vai anunciar seu apoio a Obama. "Eu
disse durante toda a campanha
que apoiaria o senador Obama
se ele fosse o indicado do Partido Democrata e pretendo cumprir essa promessa."
Despedida prolongada
A admissão da derrota por
parte da senadora é esperada
desde terça-feira, quando terminaram as prévias do Partido
Democrata, e Obama, por margem estreita, conseguiu o número de votos necessários para
ser consagrado o candidato à
Presidência na convenção do
partido, em agosto.
Mas Hillary não só não reconheceu a vitória do senador como estimulou o público que a
ouvia a acreditar que ela levaria
a disputa "até Denver", onde
ocorrerá a convenção.
Vários partidários e assessores da senadora também vieram a público desde então para
dizer que Hillary estava interessada na candidatura à Vice-Presidência e a merecia. Ontem, editoriais e artigos da imprensa americana a criticaram
por isso. Integrantes do partido
que a apoiaram na campanha
também fizeram críticas.
"Você não barganha com o
candidato presidencial", disse o
governador da Pensilvânia, Ed
Rendell. "Mesmo se você é Hillary Clinton e tem 18 milhões
de votos, não barganha."
"O senso comum diria que, se
você quer entrar na chapa, não
faz isso pressionando a pessoa
que toma a decisão. Seria uma
política idiota dizer à pessoa
que ganhou o que ela deveria
fazer", disse o congressista por
Nova York Charlie Rangel.
Em editorial que repete idéia
corrente na mídia local, o "Wall
Street Journal" disse que Obama pareceria um candidato fraco se escolhesse a senadora como vice: "O primeiro teste de
sua liderança como presidente
em potencial vai ser responder
à extraordinária campanha já
em curso para intimidá-lo a escolher Hillary Clinton como
parceira de chapa".
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