São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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Oliver Stone elogia chavismo e critica limites de Obama

Cineasta que produziu documentário com presidentes sul-americanos diz que Hugo Chávez é "um democrata"

Americano afirma que a América do Sul devia se orgulhar da autonomia que possui atualmente em relação a EUA e FMI


KENNEDY ALENCAR
DE BRASÍLIA

Diretor de "JFK - A Pergunta que não quer calar", sobre a morte do presidente americano John Kennedy (1961-1963), o cineasta Oliver Stone diz que "há sempre a possibilidade" de o atual ocupante da Casa Branca, Barack Obama, ser assassinado.
"Temos uma história de armas, uma história de pessoas loucas que supostamente fazem coisas", disse ele em entrevista que será exibida hoje à noite no programa "É Notícia", da RedeTV!
Para Stone, Obama "está aprisionado em um sistema muito poderoso". Na sua opinião, se Obama obtiver um segundo mandato, "será diferente, para a esquerda".
O cineasta americano veio ao Brasil para lançar o documentário "Ao Sul da Fronteira", no qual fala com líderes políticos latino- americanos.

América do Sul
A maioria dos americanos não entende o que acontece ou o que vem acontecendo na América do Sul nos últimos dez anos. Nós falamos com Hugo Chávez sobre as mudanças na Venezuela.
Quando eu estive aqui em 2009, Hugo [Chávez] sugeriu que a gente falasse com todos os que estavam modificando a América do Sul. Nos encontramos com sete presidentes em cinco países, quase todos recém-eleitos.
Foi um despertar. De Rafael Correa, no Equador, e Evo Morales, na Bolívia, até o presidente mais exótico, Fernando Lugo, do Paraguai. Lula mostrou ser um homem trabalhador. A maioria dos presidentes vem de classes mais altas e esquece suas raízes, mas Lula não esqueceu.

Ingenuidade
Acho que é uma crítica ingênua que destrói a credibilidade do filme [a de que ele é ingênuo ao retratar região como vítima dos EUA e do Fundo Monetário Internacional]. A América do Sul deve ter orgulho de sua independência. No filme, Lula manda o FMI se danar.

Atores
O maior foi Hugo. Como ator, ele foi o melhor. Acho que ele merece um documentário só dele. Ele é interessante, e os atores coadjuvantes [outros presidentes] são incríveis.
Evo Morales é um achado. Tem presença e um rosto lindo. Ele é índio e cuida do povo que o elegeu. Eu adoro a força que ele tem. Lula não é tão bonito quanto Néstor ou Hugo, mas é uma força e um poder.

Hugo Chávez
Conheço Hugo Chávez de três maneiras e já há três anos. Eu adoro esse homem. Ele é guerreiro de coração e um verdadeiro democrata. Ele exagera porque é dramático. Aparece demais na TV e por muito tempo, mas diz coisas que o povo gosta.
Imprensa venezuelana É um grupo concentrado de famílias, assim como em toda a América do Sul, que está contra ele, violentamente contra ele [Hugo Chávez].
A censura é algo que não existe. Basta andar pela Venezuela para saber que a imprensa gosta de insultar. As críticas a Chávez são constantes. Mas ele deixa passar. É óbvio que ele comete erros, mas o clima é violento. É pior do que a Fox News nos EUA.

Hillary e Obama
Eu não sei o que se passa na cabeça dela [Hillary Clinton, secretária de Estado]. Hillary apoiou a guerra no Iraque e por isso perdeu a eleição. Obama é inteligente, racional e ético. Porém, está aprisionado em um sistema com muitos lobbies. Quando Obama firma algum acordo, ele precisa se desculpar depois.
Quero que governe bem, o que não está acontecendo. Ele quer o segundo mandato. Se conseguir, acho que será diferente, para a esquerda.

Dilma Rousseff
Achei ela muito focada, extremamente focada, e já presenciei a mesma coisa em outros líderes mundiais. Gosto do estilo dela, do olhar, de como é direta.

José Serra
Ouvi de pessoas que não tinham motivo para se opor ao partido [PSDB] que é um homem bastante firme. Mas ele é filiado ao partido, e o partido representa um interesse. Não é necessariamente o interesse dos pobres, mas um interesse em progredir.

Leia íntegra da entrevista

folha.com.br/mu745899


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