São Paulo, domingo, 06 de junho de 2010

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OEA debate compras de armas em cúpula

Declaração final não irá abordar controvérsias como rejeição às tropas estrangeiras

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

Começa hoje, em Lima, a Assembleia Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), tendo como seu tema central, proposto pelo país anfitrião, a segurança na região. Os debates deverão enfatizar uma cobrança por mais transparência nas compras de armas.
A discussão da reincorporação de Honduras, suspensa da organização desde o golpe contra Manuel Zelaya, há quase um ano, não faz parte da agenda oficial.
Os países centro-americanos, porém, prometem defender o fim da sanção, expondo uma vez mais as divisões na região sobre o assunto.
O esboço da declaração final foi aprovado nesta semana, atendendo às preocupações do governo Alan García, que reclama do orçamento militar do vizinho Chile, com quem o país mantém uma disputa por limites marítimos na Corte Internacional de Justiça de Haia.
Segundo relatório do Sipri (Instituto Internacional de Pesquisas da Paz de Estocolmo), o Chile gasta pouco mais de 3% do seu PIB em fins militares -o segundo maior gasto relativo na América do Sul, após a Colômbia.
O Brasil lidera o ranking de gasto sul-americano em 2009 (US$ 26,1 bilhões), 16% de aumento sobre 2008.
O Sipri não vê uma "corrida armamentista" em curso.
O texto foi desidratado dos parágrafos mais fortes, mas sua negociação evidenciou as linhas distintas de atuação de EUA e Colômbia, por um lado, e de Brasil e Venezuela -e um mais um punhado de países-, por outro.

DEFESA COLETIVA
Segundo a Folha apurou, Washington e Bogotá propuseram introduzir no texto o "direito de defesa coletiva".
O conceito que faz parte do escopo do Conselho de Segurança da ONU e da Otan prevê que, em caso de ataque de um país, seus aliados têm o direito de responder como se fossem também atacados.
O parágrafo não agradou Brasil e Venezuela -que alega temer que um incidente armado com a Colômbia degenere numa ação militar dos EUA contra o país.
De acordo com fontes diplomáticas brasileiras, Brasília e Caracas pediram, então, a introdução de texto rejeitando a presença de forças estrangeiras na região.
Ao final, nenhum dos dois trechos passou.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, irá a Lima. A delegação brasileira será chefiada pelo secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota.


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