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Humala venceu no Peru, diz projeção
Com 78% das urnas apuradas, o candidato Ollanta Humala aparece à frente na eleição com 50,087% dos votos
Pleito foi mais acirrado da história do país, que cresce em média 7% ao ano mas não consegue distribuir a riqueza
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA
Os primeiros resultados
oficiais divulgados na noite
de ontem davam a vitória ao
candidato esquerdista Ollanta Humala nas eleições presidenciais peruanas.
Humala tinha 50,087% e
estava tecnicamente empatado com a direitista Keiko
Fujimori, que tinha 49,913%.
Ao menos 78% dos votos haviam sido contados.
No entanto, as urnas apuradas eram prioritariamente
de Lima e da zona urbana,
onde a candidata Keiko tem
melhor desempenho, e autoridades previam que a vantagem de Humala ia crescer.
Contagens preliminares
de votos indicavam que Humala venceria com dois ou
três pontos a mais que Keiko.
Quase 20 milhões de peruanos votaram ontem no segundo turno da eleição. "A
esperança venceu o medo",
disse o porta-voz de Humala,
Omar Chehade, ecoando a
frase do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva após a
eleição de 2002.
Humala teve a maior parte
de seus votos nas áreas mais
pobres do país, no sul, e nas
zonas amazônica e andina.
Tanto Keiko como Humala
enfrentaram alta rejeição do
eleitorado. Keiko era identificada com o pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, que
cumpre pena de 25 anos de
prisão por corrupção e desrespeito a direitos humanos.
Já Humala tentava se desvincular da imagem do antigo aliado Hugo Chávez, presidente venezuelano, e de
seu passado mais radical.
Grande parte dos eleitores
estava conformada ontem
em votar "no mal menor",
depois que os três candidatos
de centro dividiram seus votos e foram eliminados no
primeiro turno. Keiko e Humala tiveram empate técnico
em grande parte do tempo.
"Vou anular o voto, não
acredito em nenhum dos
dois", dizia a funcionária pública Gabriela Ezeta.
"Humala mudou de discurso tantas vezes, que não
acredito nele; e em Keiko não
posso votar, porque lembro
de todos os abusos que seu
pai cometeu."
O Peru é o país que mais
cresce na América do Sul,
com média de 7% nos últimos anos, mas não conseguiu melhorar a distribuição
de renda.
ECONOMIA
Parte da população votou
em Keiko porque teme que
Humala vá mudar o modelo
econômico e restringir o crescimento do país.
Outra parcela votou em
Humala porque não vê os
frutos do crescimento chegando até os mais pobres.
Na campanha, Humala
deu uma guinada para o centro para ampliar seu apelo.
Ele perdeu em 2006 para o
atual presidente Alan García,
porque a parcela conservadora da sociedade peruana
se uniu contra ele.
Desta vez, Humala adotou
estratégia "paz e amor", assessorado pelos petistas Luis
Favre e Valdemir Garreta.O
candidato citava frequentemente sua admiração pelo
presidente Lula.
A campanha dele teve um
"compromisso com o povo
peruano", semelhante a documento que Lula divulgou
em 2002 para acalmar os
mercados.
A grande expectativa hoje
é a reação do mercado financeiro, ainda não convencido
da lulificação de Humala.
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