São Paulo, segunda-feira, 06 de junho de 2011

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Humala venceu no Peru, diz projeção

Com 78% das urnas apuradas, o candidato Ollanta Humala aparece à frente na eleição com 50,087% dos votos

Pleito foi mais acirrado da história do país, que cresce em média 7% ao ano mas não consegue distribuir a riqueza

PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A LIMA

Os primeiros resultados oficiais divulgados na noite de ontem davam a vitória ao candidato esquerdista Ollanta Humala nas eleições presidenciais peruanas.
Humala tinha 50,087% e estava tecnicamente empatado com a direitista Keiko Fujimori, que tinha 49,913%. Ao menos 78% dos votos haviam sido contados.
No entanto, as urnas apuradas eram prioritariamente de Lima e da zona urbana, onde a candidata Keiko tem melhor desempenho, e autoridades previam que a vantagem de Humala ia crescer.
Contagens preliminares de votos indicavam que Humala venceria com dois ou três pontos a mais que Keiko.
Quase 20 milhões de peruanos votaram ontem no segundo turno da eleição. "A esperança venceu o medo", disse o porta-voz de Humala, Omar Chehade, ecoando a frase do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a eleição de 2002.
Humala teve a maior parte de seus votos nas áreas mais pobres do país, no sul, e nas zonas amazônica e andina.
Tanto Keiko como Humala enfrentaram alta rejeição do eleitorado. Keiko era identificada com o pai, o ex-presidente Alberto Fujimori, que cumpre pena de 25 anos de prisão por corrupção e desrespeito a direitos humanos.
Já Humala tentava se desvincular da imagem do antigo aliado Hugo Chávez, presidente venezuelano, e de seu passado mais radical.
Grande parte dos eleitores estava conformada ontem em votar "no mal menor", depois que os três candidatos de centro dividiram seus votos e foram eliminados no primeiro turno. Keiko e Humala tiveram empate técnico em grande parte do tempo.
"Vou anular o voto, não acredito em nenhum dos dois", dizia a funcionária pública Gabriela Ezeta.
"Humala mudou de discurso tantas vezes, que não acredito nele; e em Keiko não posso votar, porque lembro de todos os abusos que seu pai cometeu."
O Peru é o país que mais cresce na América do Sul, com média de 7% nos últimos anos, mas não conseguiu melhorar a distribuição de renda.

ECONOMIA
Parte da população votou em Keiko porque teme que Humala vá mudar o modelo econômico e restringir o crescimento do país.
Outra parcela votou em Humala porque não vê os frutos do crescimento chegando até os mais pobres.
Na campanha, Humala deu uma guinada para o centro para ampliar seu apelo.
Ele perdeu em 2006 para o atual presidente Alan García, porque a parcela conservadora da sociedade peruana se uniu contra ele.
Desta vez, Humala adotou estratégia "paz e amor", assessorado pelos petistas Luis Favre e Valdemir Garreta.O candidato citava frequentemente sua admiração pelo presidente Lula.
A campanha dele teve um "compromisso com o povo peruano", semelhante a documento que Lula divulgou em 2002 para acalmar os mercados.
A grande expectativa hoje é a reação do mercado financeiro, ainda não convencido da lulificação de Humala.


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