São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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Desilusão marca Dia da Independência

PAULO DANIEL FARAH
DA REDAÇÃO

As comemorações da independência argelina, sóbrias e sem desfiles ou grandes eventos festivos, foram marcadas por um sentimento de desilusão agravado pelos atentados, segundo o analista político Yacine Smail.
"A promessa de pacificação após a oferta de anistia [a guerrilheiros, em 1999" deu lugar à desilusão generalizada nos últimos meses. As comemorações já vinham diminuindo a cada ano. Mesmo agora, no 40º aniversário da independência, prevalecem a desilusão e o medo", diz Smail, 46.
Estima-se que ao menos 120 mil pessoas tenham morrido desde que a violência começou em 1992, quando o governo, apoiado pelo Exército, cancelou eleições para impedir a vitória de um partido islâmico.
As eleições legislativas eram lideradas por grupos islâmicos que queriam instituir leis religiosas, especialmente a FIS (Frente Islâmica de Salvação). A votação foi anulada, e os partidos islâmicos, proscritos. A legislação chegou a ser modificada para favorecer os laicos da FLN (Frente de Libertação Nacional), herdeira direta da guerra de independência, entre 1954 e 1962. Naquele ano, um referendo aprovou a independência por 6 milhões de votos contra 16 mil.
A independência foi proclamada em 3 de julho, mas se decidiu celebrá-la em 5 de julho, o mesmo dia em que Hussein, governante de Argel, capitulou (em 1830) diante dos franceses.
"Para os grupos extremistas muçulmanos, a independência ainda não foi totalmente atingida por causa do que eles consideram uma influência excessiva da Europa na sociedade e na administração locais", analisa Smail.
Em 1999, o presidente Abdelaziz Boutefliqa ofereceu anistia a todos os guerrilheiros que não estivessem ligados a assassinatos, atentados à bomba e estupros.
Segundo estatísticas oficiais, cerca de 6.000 rebeldes aceitaram a oferta, mas movimentos como o Grupo Islâmico Armado (GIA) e o Daawat al Jihad prometeram continuar lutando. "Acreditava-se que o entorno de Argel estaria seguro, mas eles continuam atacando o transporte público e aldeias isoladas", explica Smail.



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