São Paulo, sexta-feira, 06 de julho de 2007

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Colombianos cobram libertação de reféns

Milhares foram às ruas, na maior mobilização da década, dias depois das Farc anunciarem morte de deputados

DA REDAÇÃO

Na maior mobilização popular em ao menos uma década, a Colômbia parou ontem para pedir que os grupos armados ilegais, em especial as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), libertem os reféns que têm em seu poder, uma semana depois de os guerrilheiros terem declarado que estão mortos 11 deputados regionais seqüestrados em 2002.
Na esteira da comoção causada pela notícia, milhões tomaram as ruas das principais cidades. Ao meio-dia (14h em Brasília), ônibus, metrô e carros interromperam seus trajetos por cinco minutos em todo o país. Houve buzinaço. A Bolsa de Valores e até as atividades de decolagem nos aeroportos pararam. Em pelo menos 19 países houve manifestações.
O presidente colombiano, Álvaro Uribe, abriu o protesto na Catedral de Bogotá. Sob pressão externa, principalmente européia, para negociar com a guerrilha, o presidente colombiano apoiou como pôde a manifestação: servidores tiveram ponto facultativo e sites oficiais exibiram a convocação.
Em Medellín,o cantor Juanes, estrela do pop latino mundial, encerrou as manifestações. Ele criticou a análise internacional do conflito colombiano: "A comunidade internacional ainda tem uma visão errônea das Farc, romantizada".
Segundo um órgão ligado ao Ministério da Defesa, 762 pessoas estão agora em poder das Farc, algumas delas desde 1996. De acordo com levantamento do jornal "El Tiempo", na última década 6.772 pessoas foram seqüestradas pela guerrilha. O grupo ELN (Exército de Libertação Nacional) seqüestrou 3.775 e os paramilitares das AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia), 1.163.
O chamado à mobilização partiu de Argelino Garzón, governador de Valle del Cauca, Província dos deputados declarados mortos pelas Farc no dia 28. Ele pediu que a guerrilha entregue imediatamente os corpos dos parlamentares.
Segundo as Farc, 11 dos 12 deputados seqüestrados em Cali em 2002 morreram, em 18 de junho, em fogo cruzado entre guerrilheiros e o que dizem ser um "grupo militar não identificado". O governo nega a ação militar e diz que a guerrilha matou os reféns.
Carolina Charry, filha de um dos deputados mortos, causou mal-estar em Cali ontem ao chamar governo e Farc de "indolentes" e cobrar um acordo humanitário para a libertação dos reféns. Ontem, Uribe repetiu que não negociará com as Farc nem cederá "um centímetro" do país. A guerrilha exige a desmilitarização de uma área de 800 km2 para fazer o acordo.


Com agências internacionais


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