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Zelaya é impedido de voltar a Honduras
Choques entre simpatizantes do presidente deposto e forças de segurança deixaram ao menos um morto e três feridos graves
Após o Exército colocar veículos na única pista do aeroporto, frustrando o pouso, voo de mandatário é desviado para a Nicarágua
Eduardo Verdugo/Associated Press
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Milhares de apoiadores de Manuel Zelaya se concentram na entrada do aeroporto da capital hondurenha; confrontos acabaram provocando a morte de uma pessoa
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
(HONDURAS)
O presidente deposto de
Honduras, Manuel Zelaya, foi
impedido ontem pelo governo
interino de aterrissar no aeroporto internacional de Tegucigalpa, onde um confronto entre
vários milhares de manifestantes e forças de segurança deixaram ao menos um morto e alguns feridos.
Foi a primeira morte desde
que Zelaya foi deposto, há oito
dias. Entre os feridos, pelo menos três manifestantes sofreram lesões graves. O dia mais
tenso desde o início da crise política levou o governo interino a
antecipar o toque de recolher
das 22h para as 19h.
A bordo de um avião de matrícula venezuelana, Zelaya
embarcou de Washington rumo a Honduras acompanhado
do presidente da Assembleia
Geral da ONU, o nicaraguense
Miguel D'Escoto, apesar de advertências do secretário-geral
da OEA, José Miguel Insulza, e
da Igreja Católica de que seu regresso poderia gerar violência.
O governo interino de Honduras não autorizou a aterrissagem de Zelaya, apesar de o
Ministério Público ter pedido à
Interpol que emitisse um mandado de prisão internacional.
O mandatário deposto é acusado de "traição à pátria", entre
outros crimes, por ter tentado
convocar uma Assembleia
Constituinte, iniciativa considerada ilegal pela Justiça e pelo
Congresso.
O Exército colocou veículos
na única pista de pouso do aeroporto, impedindo a aterrissagem. O avião então foi desviado
e pousou em Manágua, na Nicarágua, antes de seguir para El
Salvador, onde Zelaya era esperado pelos presidentes Rafael
Correa (Equador), Cristina
Kirchner (Argentina) e Fernando Lugo (Paraguai).
A expectativa era que Zelaya
se reunisse com eles em San
Salvador ainda ontem à noite.
Em entrevista por telefone à
TV Telesur no momento em
que sobrevoava Tegucigalpa,
Zelaya admitiu que não conseguiria aterrissar e prometeu
buscar outros meios para retornar a Honduras.
Zelaya disse ainda que, "se tivesse um paraquedas, saltaria"
e que ia "sem armas e a dialogar
pacificamente". Também pediu ao Exército hondurenho
que "retivesse o massacre".
Em entrevista coletiva horas
antes do confronto, o presidente interino, Roberto Micheletti,
voltou a afirmar que a volta do
ex-aliado à Presidência é "inegociável", mas se disse disposto
a receber uma missão da OEA.
Esse cenário é improvável
num curto prazo. Em viagem a
Tegucigalpa na sexta-feira, Insulza se recusou a conversar
com representantes do governo interino e voltou a classificar a deposição de Zelaya de
"golpe de Estado militar".
Na madrugada de ontem, a
Assembleia Geral da OEA suspendeu Honduras da organização por causa da deposição de
Zelaya, detido por forças militares e expulso do país na madrugada do último dia 28.
Protesto
Desde as primeiras horas da
manhã, os manifestantes começaram a se reunir nos arredores da Universidade Pedagógica. Dali, iniciaram uma marcha em direção ao aeroporto internacional de Tegucigalpa.
Por volta do meio-dia, já chegavam a vários milhares, na maior
concentração desde que Zelaya
foi deposto e expulso do país.
No início da tarde, a poucas
quadras do aeroporto, a marcha foi retida durante cerca de
uma hora por uma barreira policial. Após negociações entre
os organizadores e as forças de
segurança, a marcha foi autorizada a passar, ocupando todas
as vias de acesso à pista.
Por volta das 16h, perto do
horário previsto para a aterrissagem de Zelaya, manifestantes entraram em confronto
com centenas de policiais e militares que faziam a segurança
do aeroporto. Houve disparos e
uso de gás lacrimogêneo.
Um dos manifestantes morreu no local com um tiro na cabeça. Na confusão, um restaurante de comida rápida foi incendiado.
Por volta das 18h, com a confirmação de que Zelaya não
aterrissaria, os milhares de manifestantes deixaram a região
do aeroporto, gritando "assassinos, assassinos" aos militares
que, portando escudos e armamento pesado, faziam a guarda
do aeroporto.
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