São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

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Após escândalo, FMI obriga diretora a ter curso de ética

Christine Lagarde, ex-ministra francesa, assumiu ontem a chefia do órgão

Ela substitui Strauss-Kahn, que foi afastado após ser acusado de crime sexual contra uma camareira em NY

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O Fundo Monetário Internacional incluiu uma cláusula ética no contrato de Christine Lagarde e obrigará sua nova diretora-gerente a participar de um treinamento sobre o tema, mostra o documento divulgado ontem.
Lagarde, uma advogada de 55 anos, que assumiu ontem para um mandato de cinco anos, é a primeira mulher a comandar o organismo multilateral de empréstimos desde sua criação, em 1944.
A exigência, inédita, foi acrescentada antes da escolha da francesa, na semana passada, e vem a reboque do escândalo que derrubou seu antecessor por suspeita de agressão sexual em maio.
O também francês Dominique Strauss-Khan chegou a ser preso, mas foi liberado nesta semana após surgirem dúvidas sobre a credibilidade de sua suposta vítima, uma camareira. Sua imagem ficou arranhada, e mais acusações têm emergido.
Sua renúncia ainda levantou dúvidas sobre a permissibilidade e o sexismo no organismo. Em ato contínuo, o FMI anunciou que o contrato de diretor-gerente passaria a ter uma cláusula ética.
No documento que assinou, Lagarde se compromete a "seguir o mais alto padrão de conduta ética, coerente com os valores de integridade, imparcialidade e ponderação". "Você deve se esforçar para evitar qualquer conduta aparentemente imprópria", diz o texto.
No contrato de Strauss-Khan, de 2007, é dito apenas que o diretor-gerente deve evitar conflitos de interesses, sem alusão à ética ampla.
Lagarde ainda terá de participar de um programa de treinamento ministrado pelo Conselheiro Ético do Fundo, a qual todos os funcionários são submetidos -algo também inédito. O programa não foi detalhado.

SALÁRIO
Com a missão de lidar com a crise europeia, reformar o anacrônico sistema de cotas do Fundo e melhorar sua imagem, Lagarde receberá do FMI US$ 39 mil (R$ 61 mil) líquidos ao mês.
O salário é 11% maior do que o de Strauss-Khan -reflexo da inflação em Washington entre novembro de 2007, quando ele assumiu, e agora, segundo o FMI.
Seu contrato ainda prevê uma verba extra de US$ 6.980 líquidos ao mês para que ela possa "manter um padrão de vida apropriado à sua posição, algo que interessa ao Fundo".
Strauss-Khan morava com a mulher, a jornalista Anne Siclair, em uma enorme casa de estilo campestre inglês em Georgetown, bairro abastado da capital americana em que gozava de relativo anonimato.


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