São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

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Brasil oferece tratamento para Chávez

Chanceler Antonio Patriota pôs sistema de saúde brasileiro à disposição de líder venezuelano, que tem câncer

Gesto é de cortesia, uma vez que tratamento na rede privada seria pago pela Venezuela; Chávez ainda não deu resposta

Jose Miguel Gomez/Reuters
Policiais marcham em Caracas durante comemoração
dos 200 anos da independência


ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO

O Itamaraty ofereceu ao presidente venezuelano, Hugo Chávez, facilitar tratamento médico contra o câncer no Brasil.
Em telefonema ao chanceler venezuelano, Nicolás Maduro, na última sexta-feira, seu colega brasileiro, Antonio Patriota, deixou os serviços do país "à disposição" de Chávez, logo depois de este anunciar, em um pronunciamento à TV estatal, que estava com a doença.
A exemplo do que ocorreu com o presidente paraguaio, Fernando Lugo, o venezuelano seria tratado no sistema privado brasileiro, e os custos ficariam por conta do governo vizinho. A cortesia foi bem recebida por Maduro, mas nenhuma resposta foi dada ao Brasil. Na época, Chávez ainda estava em Havana, onde passou por duas cirurgias.
Ele ficou mais de 20 dias em recuperação na ilha, e só anunciou na última quinta-feira que estava com câncer.
Apesar da proximidade entre os dois países, o governo brasileiro só soube do diagnóstico do mandatário venezuelano por seu pronunciamento na TV.
Ontem, em uma longa conversa entre os dois chanceleres, durante as festividades do bicentenário da independência da Venezuela, Maduro informou a Patriota que Chávez não ficará internado em Caracas agora, mas deverá receber o tratamento no Palácio de Miraflores.
Não foram divulgados mais detalhes sobre o estado de saúde de Chávez e se ele já passou por sessões de quimioterapia em Havana. Tampouco foi dada qualquer previsão se o venezuelano retornará a Cuba para continuar o tratamento.
O sistema de saúde na ilha é considerado um dos melhores da região. Os hospitais (particulares) brasileiros, no entanto, são vistos como referência na América do Sul.

ESCOLHA DE LUGO
Em agosto passado, o presidente paraguaio decidiu vir ao Brasil logo que teve detectado um tumor no seu sistema linfático.
Na época, o governo brasileiro cuidou para que Lugo fosse atendido no Sírio-Libanês, em São Paulo, pela equipe responsável pelo tratamento de Dilma Rousseff, que também teve linfoma.
Nos nove meses de tratamento, Lugo, 59, veio diversas vezes a São Paulo para sessões de quimioterapia e avaliações.
O paraguaio, que está na Venezuela para a comemoração do bicentenário do país, comentou com Chávez que foi tratado em São Paulo.
Patriota disse que seus colegas chanceleres viram Chávez "bem disposto". Por conta dos funerais do ex-presidente Itamar Franco, ele não chegou a tempo de uma reunião rápida entre chanceleres da região e Chávez anteontem.

Colaborou FLÁVIA MARREIRO, de Caracas



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