São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

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Morre o artista americano Cy Twombly, aos 83 anos

O pintor, que tinha câncer, morreu na Itália, onde vivia havia mais de 50 anos

Conhecido pelo caos nas telas, ele foi o terceiro artista contemporâneo a expor uma obra permanente no Louvre

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Morreu ontem em Roma, aos 83, o artista americano Cy Twombly. Não foi divulgada a causa da morte, mas ele sofria de um câncer e estava internado havia alguns dias.
Da mesma geração de expressionistas abstratos e artistas pop como Jasper Johns e Robert Rauschenberg, Twombly andou na contramão da arte do pós-guerra.
Decidiu se mudar para a Itália, onde viveu mais de 50 anos, quando o mundo da arte havia se transferido para Nova York, epicentro da escola do expressionismo abstrato pela qual se consagrou.
Mas Twombly demorou a conquistar os críticos. E os artistas: o minimalista Donald Judd, por exemplo, desclassificou sua pintura como "pingos e ondulações com uma ou outra linha a lápis".
Em parte pela incompreensão e resistência da crítica, ele viveu à sombra de colegas de geração e mergulhou num período de decadência nos anos 60.
Quando grafiteiro Jean-Michel Basquiat se inspirou em quadros de Twombly, sua obra se abriu à interpretação de uma nova geração que despontou nos anos 80.
Em 2004, integrou o ranking dos dez artistas vivos mais caros, publicado pela revista "ARTnews". No ano passado, tornou-se o terceiro artista contemporâneo a ter uma obra permanente no Museu do Louvre, em Paris, onde pintou o teto de uma galeria.
Twombly se firmou com abstrações, redemoinhos de traços e gestos fortes entremeados por versos de poesia clássica. Algumas obras também ostentavam formas fálicas e traços mais erotizados.
Por trás do caos aparente das telas, havia sempre uma referência, explícita ou não, a um arsenal de autores que lhes davam alicerce conceitual _dos versos de Catulo aos de Ezra Pound.
Em 2007, um de seus quadros inspirados nos diálogos de Platão ganhou páginas de jornais mundo afora, ao ser beijado pela visitante de uma galeria na França. Ela deixou estampados na tela branca, avaliada em € 2 milhões, seus lábios tingidos de vermelho.
Foi um dos poucos e raros episódios estrepitosos na trajetória silenciosa do artista, no mais um recluso.
Ele faltou, por exemplo, à abertura, em junho, da exposição (atualmente em cartaz) em que sua obra aparece ao lado de quadros do francês Nicolas Poussin, na Dulwich Picture Gallery, em Londres.
Num dos poucos ensaios que publicou sobre seu trabalho, Twombly se limitou a dizer que seus quadros "não ilustram", mas "dão a sensação de sua própria realização". "É mais como ter uma experiência do que como fazer uma tela", escreveu.


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