|
Próximo Texto | Índice
EUA e França fazem acordo sobre fim das hostilidades
Proposta para encerrar o conflito será levada ao Conselho de Segurança da ONU
Em dia em que tropas israelenses combateram o Hizbollah na cidade de Tiro, projeto de resolução pela paz foi apresentado à ONU
MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
França e Estados Unidos
chegaram ontem a um acordo
em torno de uma resolução do
Conselho de Segurança da
ONU destinada a suspender os
combates entre Israel e o grupo
xiita Hizbollah, que já duram
mais de três semanas.
O projeto pede a "suspensão
total da violência", determinando que cessem de imediato
os ataques do Hizbollah e as
operações de Israel em território libanês. No entanto, garante
a Israel o direito de responder a
ataques, posterga o envio de
uma força internacional à região e não menciona a retirada
de soldados israelenses do Líbano ou a troca de prisioneiros.
O embaixador americano na
ONU, John Bolton, disse que
essa é a primeira de duas resoluções para pôr fim ao conflito.
A outra, a ser elaborada em breve, estabeleceria os termos de
um cessar-fogo definitivo.
O presidente americano,
George W. Bush, disse, por
meio de seu porta-voz, que está
"feliz com o progresso que está
sendo feito". O porta-voz afirmou, no entanto, que Bush sabe que a violência não acabará
rapidamente. "Ele não tem ilusões sobre o que está por vir."
Em Israel, o ministro do Turismo e porta-voz do governo,
Isaac Herzog, disse que Israel
tem os próximos dias para fazer
muitos movimentos militares.
"Temos que nos dar conta de
que o tempo está acabando."
"Enquanto um soldado israelense estiver em solo libanês,
não haverá cessar-fogo", disse
Mohammed Freish, ministro
libanês do Hizbollah.
A resolução foi apresentada
ontem aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU para que sugiram mudanças antes
da medida entrar em vigor.
Combates
Soldados israelenses entraram na manhã de ontem em Tiro, no sul do Líbano, e travaram
combate com guerrilheiros do
Hizbollah. No 25º dia do conflito, Israel também voltou a atacar Beirute e o leste do Líbano.
Segundo Israel, a operação
na cidade portuária de Tiro teve como objetivo destruir os
lançadores de foguetes que têm
sido usados contra suas cidades. Oito soldados israelenses
ficaram feridos e sete membros
do Hizbollah morreram no ataque, informou Israel.
O Hizbollah respondeu com
160 foguetes contra Israel.
Uma mulher e suas duas filhas
foram mortas na aldeia árabe
de Al Aramshe, na Galiléia, perto da fronteira com o Líbano.
Pelo menos 70 alvos do grupo xiita foram atacados na madrugada e manhã de sábado.
Também ontem, distritos xiitas
do sul de Beirute voltaram a ser
bombardeados por Israel. Outros ataques ocorreram no leste
do Líbano, deixando oito mortos e atingindo uma estrada
perto da fronteira síria.
Mais sete ônibus com brasileiros deixaram ontem o Líbano em direção à Síria, de onde
seguiram para a cidade turca de
Adana, para embarcar de volta
ao Brasil. Entre eles estava um
bebê recém-nascido, filho de
uma brasileira que estava de férias no país.
Brasileiro morto
O embaixador do Brasil no
Líbano, Eduardo Seixas, reagiu
com surpresa à notícia de que
um brasileiro que lutava nas fileiras do Hizbollah havia morrido em combates contra Israel. Informado pela Folha de
que Ibrahim Saleh, 17, caiu na
linha de frente, o embaixador
preferiu não julgar a opção do
jovem, apenas manifestar tristeza. "Só posso lamentar a
morte de um brasileiro", disse
o diplomata, que afirmou desconhecer a militância de outros brasileiros no grupo xiita.
O governo brasileiro enviará
ao Líbano o embaixador Manoel Gomes Pereira, com a
missão de levantar quantos
brasileiros estão na zona de
conflito. Até quarta-feira, quatro vôos decolarão de Adana
(Turquia) e Damasco (Jordânia) trazendo brasileiros e libaneses com família no Brasil.
Manifestação
Milhares de londrinos saíram ontem às ruas da capital do
Reino Unido para pedir um
cessar-fogo no Oriente Médio.
Entre os cerca de 7.000 manifestantes havia muçulmanos,
palestinos e libaneses.
Com agências internacionais
Próximo Texto: Centro judaico sofre atentado em Campinas Índice
|