São Paulo, domingo, 06 de agosto de 2006

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EUA e França fazem acordo sobre fim das hostilidades

Proposta para encerrar o conflito será levada ao Conselho de Segurança da ONU

Em dia em que tropas israelenses combateram o Hizbollah na cidade de Tiro, projeto de resolução pela paz foi apresentado à ONU

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE

França e Estados Unidos chegaram ontem a um acordo em torno de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU destinada a suspender os combates entre Israel e o grupo xiita Hizbollah, que já duram mais de três semanas.
O projeto pede a "suspensão total da violência", determinando que cessem de imediato os ataques do Hizbollah e as operações de Israel em território libanês. No entanto, garante a Israel o direito de responder a ataques, posterga o envio de uma força internacional à região e não menciona a retirada de soldados israelenses do Líbano ou a troca de prisioneiros.
O embaixador americano na ONU, John Bolton, disse que essa é a primeira de duas resoluções para pôr fim ao conflito. A outra, a ser elaborada em breve, estabeleceria os termos de um cessar-fogo definitivo.
O presidente americano, George W. Bush, disse, por meio de seu porta-voz, que está "feliz com o progresso que está sendo feito". O porta-voz afirmou, no entanto, que Bush sabe que a violência não acabará rapidamente. "Ele não tem ilusões sobre o que está por vir."
Em Israel, o ministro do Turismo e porta-voz do governo, Isaac Herzog, disse que Israel tem os próximos dias para fazer muitos movimentos militares. "Temos que nos dar conta de que o tempo está acabando."
"Enquanto um soldado israelense estiver em solo libanês, não haverá cessar-fogo", disse Mohammed Freish, ministro libanês do Hizbollah.
A resolução foi apresentada ontem aos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU para que sugiram mudanças antes da medida entrar em vigor.

Combates
Soldados israelenses entraram na manhã de ontem em Tiro, no sul do Líbano, e travaram combate com guerrilheiros do Hizbollah. No 25º dia do conflito, Israel também voltou a atacar Beirute e o leste do Líbano.
Segundo Israel, a operação na cidade portuária de Tiro teve como objetivo destruir os lançadores de foguetes que têm sido usados contra suas cidades. Oito soldados israelenses ficaram feridos e sete membros do Hizbollah morreram no ataque, informou Israel.
O Hizbollah respondeu com 160 foguetes contra Israel. Uma mulher e suas duas filhas foram mortas na aldeia árabe de Al Aramshe, na Galiléia, perto da fronteira com o Líbano.
Pelo menos 70 alvos do grupo xiita foram atacados na madrugada e manhã de sábado. Também ontem, distritos xiitas do sul de Beirute voltaram a ser bombardeados por Israel. Outros ataques ocorreram no leste do Líbano, deixando oito mortos e atingindo uma estrada perto da fronteira síria.
Mais sete ônibus com brasileiros deixaram ontem o Líbano em direção à Síria, de onde seguiram para a cidade turca de Adana, para embarcar de volta ao Brasil. Entre eles estava um bebê recém-nascido, filho de uma brasileira que estava de férias no país.

Brasileiro morto
O embaixador do Brasil no Líbano, Eduardo Seixas, reagiu com surpresa à notícia de que um brasileiro que lutava nas fileiras do Hizbollah havia morrido em combates contra Israel. Informado pela Folha de que Ibrahim Saleh, 17, caiu na linha de frente, o embaixador preferiu não julgar a opção do jovem, apenas manifestar tristeza. "Só posso lamentar a morte de um brasileiro", disse o diplomata, que afirmou desconhecer a militância de outros brasileiros no grupo xiita.
O governo brasileiro enviará ao Líbano o embaixador Manoel Gomes Pereira, com a missão de levantar quantos brasileiros estão na zona de conflito. Até quarta-feira, quatro vôos decolarão de Adana (Turquia) e Damasco (Jordânia) trazendo brasileiros e libaneses com família no Brasil.

Manifestação
Milhares de londrinos saíram ontem às ruas da capital do Reino Unido para pedir um cessar-fogo no Oriente Médio. Entre os cerca de 7.000 manifestantes havia muçulmanos, palestinos e libaneses.


Com agências internacionais


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