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Após 3 semanas, Israel e Hizbollah pesam perdas e ganhos
DO ENVIADO ESPECIAL A BEIRUTE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE TEL AVIV
Israel afirma ter destruído
praticamente toda a estrutura
do Hizbollah, que continua disparando centenas de foguetes
contra cidades israelenses. O
grupo terrorista garante que
sua capacidade de resistir continua quase intacta e que só
usou 10% de seu arsenal, mas o
Exército israelense avança em
território libanês e faz centenas
de ataques diariamente. Após
mais de três semanas de conflito, a avaliação dos ganhos e perdas varia de um lado para o outro do front. E ganha contornos
ainda mais indefinidos quando
a frieza dos números dá lugar à
interpretação política.
No Líbano, a palavra vitória
aparece em praticamente todos
os comentários sobre a atuação
do Hizbollah nessas três semanas. Mas cidades inteiras foram
devastadas, pelo menos 600
pessoas morreram, um quarto
da população teve de se deslocar e os prejuízos, calculados
por baixo, passam de US$ 2 bilhões. Vitória?
"A avaliação não pode ser puramente militar. As forças são
incomparáveis. Do ponto de
vista do Hizbollah, vitória é não
perder. E resistir três semanas
a ataques do Exército mais poderoso da região sem dúvida é
uma grande triunfo político para os xiitas, que vai reverberar
além das fronteiras do Líbano",
diz o analista Helmi Moussa, do
jornal "A-Safir", considerado
próximo ao grupo xiita.
Moussa prossegue seu raciocínio com uma comparação:
"Considerando o poderio militar de um e de outro, pode-se
dizer que 90% de vitória para
Israel será uma derrota. E 90%
de derrota para o Hizbollah será uma vitória."
O jornalista leva em conta
em sua análise o mesmo critério de relatividade que o líder
do Hizbollah, Hassan Nasrallah, gosta de usar em seus discursos. "Não importa a profundidade da incursão terrestre do
Exército inimigo, ele não alcançará o seu objetivo, que é evitar
os disparos de foguetes contra
o norte da Palestina ocupada",
disse Nasrallah em um de seus
pronunciamentos.
"Na batalha terrestre nós estamos em vantagem. Na guerra
terrestre o critério é o atrito
com o inimigo, não o tamanho
do território conquistado", disse Nasrallah. "Nossos métodos
não são os de um Exército regular. Definitivamente retomaremos o território."
Em Israel, políticos e analistas reconhecem ser impossível
impedir que o Hizbollah dispare foguetes contra o país. A vitória é esperada em termos políticos e estratégicos, e não práticos. O país ainda entende que
recebeu apoio da comunidade
internacional, e até de países
árabes, como Egito e Arábia
Saudita, para combater o Hizbollah, mesmo com as imagens
de civis mortos no Líbano.
Os aspectos mais importantes para os israelenses são: retirar as bases do grupo de perto
de sua fronteira; retomar a
ofensiva - após seis anos que
considera de passividade diante dos preparativos do Hizbollah no sul do Líbano -; e a dissuasão, ou seja, evitar que outros países abriguem grupos
terroristas por medo de uma
ofensiva israelense. No Oriente
Médio, o forte ataca o mais fraco. Se não o fizer, é considerado
um alvo potencial.
"Eles nunca mais poderão
ameaçar este país com mísseis", disse o premiê Ehud Olmert. "Podemos dizer com certeza que a face do Oriente Médio já mudou."
As mortes de militares em
conflito com uma guerrilha são
consideradas "inevitáveis". Na
quinta-feira, dia em que Israel
sofreu o seu maior número de
baixas - 8 civis e 4 soldados -,
o comandante-geral das forças
terrestres, Beny Gantz, disse
em Tel Aviv: "Mesmo no dia
mais difícil, é importante lembrar que tivemos sucessos operacionais. As forças operaram
bem e mataram dezenas de homens do Hizbollah em combate
direto e indireto. Não temos o
controle de todo o terreno, mas
temos acesso a todos os lugares
que quisermos alcançar."
(MN e MG)
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