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Corte espanhola aciona chineses por Tibete
Audiência Nacional instituiu processo contra sete dirigentes da China, acusados de genocídio por repressão em março
Tribunal se proclamou apto
a julgar crimes contra contra
a humanidade e é o mesmo
que levou Pinochet à prisão
domiciliar entre 98 e 2000
DA REDAÇÃO
A Justiça espanhola declarou-se ontem competente para
instruir processo por genocídio
contra sete dirigentes chineses,
entre eles o ministro da Defesa,
Liang Guanglie, considerados
responsáveis pela repressão às
manifestações ocorridas em
março último no Tibete.
Segundo denúncia apresentada em 9 de julho por duas entidades que militam na Espanha pela causa tibetana, a repressão provocou "ao menos
203 mortes, mais de mil feridos
graves e a prisão ou o desaparecimento de 5.972 pessoas".
São números mais elevados
que os noticiados pela mídia na
época. O regime de Pequim
afirmou que um só tibetano foi
morto nos confrontos e que outros 21 morreram no fogo cruzado entre manifestantes.
A questão não está nos números, mas nos poderes da Audiência Nacional, o tribunal envolvido no caso, que em 2005
proclamou sua "competência
em causas de genocídio e crimes contra a humanidade".
O mesmo tribunal, por meio
do juiz Baltasar Garzón, obteve
a prisão domiciliar, em Londres, em outubro de 1998, do
ditador chileno Augusto Pinochet. Ele só não foi extraditado
à Espanha para julgamento
porque, em março de 2000, o
governo britânico, alegando razões de saúde, permitiu que ele
voltasse ao Chile.
Na época, no entanto, evocou-se a existência de vítimas
espanholas na repressão promovida pelo regime militar que
Pinochet chefiava (1973-1990).
O governo chinês não se pronunciou sobre a decisão da Justiça espanhola, tomada três
dias antes da abertura da Olimpíada de Pequim. A vice-chefe
do governo espanhol, María
Teresa Fernández de la Vega,
negou ontem a existência de
um conflito diplomático entre
o seu país e a China.
Além do ministro chinês da
Defesa, o juiz Santiago Pedraz,
encarregado do processo, indiciou Li Dezhu, dirigente da Comissão de Assuntos Étnicos do
governo central, e dois generais
baseados no Tibete e em regiões vizinhas.
A primeira audiência ocorrerá em 4 de setembro, com o depoimento de dois dirigentes do
governo tibetano no exílio.
Com agências internacionais
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