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Americanos ameaçam cortar US$ 25 milhões de Honduras
A despeito das críticas, EUA refutam impor "sanções econômicas sufocantes"
Após supressão de US$ 16 mi em cooperação militar, Washington acena com trava no custeio de programa contra pobreza
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
(HONDURAS)
Em meio a críticas de que deveriam ser mais duros contra o
governo interino de Honduras,
os EUA planejam cortar mais
US$ 25 milhões em assistência
caso Manuel Zelaya não seja
restituído à Presidência. Mas
afirmam que não adotarão
"sanções econômicas sufocantes" contra o país.
Em carta ao governo interino
de Roberto Micheletti, o governo americano advertiu que cortará a participação de Honduras do programa Corporação
Desafio do Milênio (MCC, na
sigla em inglês), agência estatal
que, desde 2004, financia programas de redução da miséria
em alguns dos países mais pobres do mundo.
Em Honduras, o eventual
corte significará a perda de 10%
dos US$ 250 milhões previstos
para serem gastos até 2010 -o
restante já foi desembolsado ou
está contratado.
O principal projeto envolvendo a MCC envolve obras de
reparação e ampliação da estrada CA-5 norte. Considerada a
mais importante do país, une
Tegucigalpa ao Porto Cortés, o
segundo mais movimentado da
América Central.
Desde o início da crise, no final de junho, o governo americano vem congelando programas de assistência. A ajuda
mais onerosa interrompida até
agora é a de cooperação militar,
de US$ 16,5 milhões.
Washington também se recusa a conceder vistos diplomáticos a membros do governo
interino, embora não tenha
proibido viagens dessas pessoas com visto de turismo.
Por outro lado, o governo Barack Obama tem resistido a
adotar medidas mais duras
contra Honduras, o terceiro
país mais pobre das Américas,
cuja economia é extremamente
dependente dos EUA.
"Honduras, com tudo que os
golpistas dizem, não depende
de Caracas. Honduras depende
de Washington. Basta os EUA
fazerem assim com as mãos [fecha o punho], e esse golpe dura
cinco segundos", disse Zelaya à
CNN anteontem.
Os americanos compram
40,6% das exportações hondurenhas. Além disso, 25% do PIB
do país vem das remessas de
imigrantes no exterior, dos
quais 90% têm origem nos
EUA. O montante, US$ 2,3 bilhões no ano passado, é maior
do que toda a assistência internacional e o investimento externo no mesmo período.
O governo Obama, no entanto, não parece disposto a tomar
medidas que afetem exportações ou remessas de imigrantes, segundo uma carta do Departamento de Estado enviada
anteontem ao senador republicano Richard Lugar -que travara a confirmação de Arturo
Valenzuela para o posto de número um do Departamento de
Estado para a América Latina.
"Temos rechaçado pleitos
por sanções econômicas sufocantes e temos deixado claro
que todos os países devem buscar facilitar a solução sem incentivo à violência e com respeito ao princípio da não intervenção", diz a carta, revelada
ontem pela agência Reuters.
Fontes diplomáticas ouvidas
pela reportagem afirmam que o
governo Obama tampouco decidiu se deixará de reconhecer
as eleições presidenciais de novembro mesmo sem o retorno
de Zelaya à Presidência.
Confronto
Manifestantes pró-Zelaya e
policiais entraram em confronto ontem na região da Universidade Nacional Autônoma de
Honduras (Unah), a mais importante do país. Imagens de
TV mostraram um estudante e
um repórter fotográfico sendo
agredidos com cassetetes, mas
não houve registro de feridos
com maior gravidade.
Desde ontem, os seguidores
do presidente deposto planejam concentrar as manifestações diárias em Tegucigalpa e
em San Pedro Sula, as principais cidades de Honduras.
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