São Paulo, quinta-feira, 06 de agosto de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casa Branca controlou negociação, diz mídia

DA REDAÇÃO

Custou quase cinco meses de negociações cuidadosamente controladas pela Casa Branca o sucesso da operação "privada" conduzida por Bill Clinton para a libertação das duas jornalistas americanas detidas pela Coreia do Norte. Foi o que disseram pessoas próximas ao governo, em condição de anonimato, a jornais americanos.
De acordo com o "Los Angeles Times" e o "New York Times", Clinton só entrou no jogo durante os acertos finais, por pedido dos próprios norte-coreanos, que queriam receber a visita de um nome de destaque mundial para discutir a soltura de Laura Ling e Euna Lee.
Assim, pelos cálculos do ditador Kim Jong-il, os EUA mostrariam respeito e o regime galgaria alguns degraus no avidamente buscado reconhecimento internacional.
A imprensa americana diz que Washington começou a discutir com Pyongyang sobre a soltura das duas logo após sua detenção, em 17 março. Estiveram envolvidos acadêmicos, congressistas e funcionários sêniores da Casa Branca e do Departamento de Estado.
Foram feitos contatos quase diários com familiares das detidas e em várias ocasiões com o regime norte-coreano, por meio de intermediários suecos.
Quando os EUA receberam a indicação de que um nome de peso faria a diferença, a Casa Branca sugeriu o ex-vice de Bill Clinton, Al Gore, que é dono da empresa de mídia que emprega as jornalistas. Kim, porém, sinalizou às presas preferência por Clinton. Uma vez informados da demanda, familiares e Gore se aproximaram do ex-presidente, dizem os jornais.
Convidado, o ex-presidente aceitou de imediato. Mas Clinton só entrou no avião depois que a Coreia do Norte ofereceu, no final de julho, garantias de que as jornalistas seriam libertadas se ele fosse a Pyongyang.
Ontem, Gore afirmou que o próprio presidente Barack Obama se envolveu profundamente nas discussões. Para Washington, porém, foi mais adequado caracterizar a empreitada de "particular" para evitar que Pyongyang usasse a presença de um emissário americano para exigir concessões em questões nucleares.
A Casa Branca só aprovou a missão depois que Pyongyang reconheceu explicitamente que a viagem não tinha relação com seu programa nuclear.
Mas, na Coreia do Norte, a visita foi considerada oficial. E, segundo um membro sênior do governo americano, nas conversas que eles mantiveram por três horas e 15 minutos -incluindo um jantar de mais de duas horas- Clinton ofereceu ao líder comunista sua visão sobre a desnuclearização.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Jornalista morta: Rússia volta a julgar caso Politkovskaya
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.