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Sob boicote, Ahmadinejad inicia 2º mandato
Cerimônia de posse do presidente do Irã, reeleito em contestado pleito de junho, não teve a presença de dois ex-presidentes
Mandatário evitou abordar polêmicas internas, porém reafirmou posição externa; ao menos 10 foram detidos em manifestações no local
DA REDAÇÃO
Em uma cerimônia no Parlamento boicotada pelos principais líderes opositores e em
meio a novos protestos nas
ruas da capital, Teerã, o ultraconservador Mahmoud Ahmadinejad foi empossado ontem
para seu segundo mandato à
frente da Presidência do Irã.
A posse do presidente, que
fora eleito pela primeira vez em
2005, ocorre quase dois meses
após o controverso pleito que o
reelegeu, em 12 de junho. Acusações de fraude deflagraram a
maior onda de protestos contra
o regime teocrático desde a revolução de 1979, deixando pelo
menos 20 mortos.
Em seu discurso, Ahmadinejad procurou evitar polêmicas
com as duas frentes internas de
atrito -além da oposição, o
presidente é alvo de críticas de
conservadores pela recente escolha de um vice-presidente
que acenara a Israel, depois revogada-, mas reafirmou a posição do país no plano externo.
Ahmadinejad defendeu que o
Irã "exerça papel central no gerenciamento do mundo" e disse que "não serão tolerados interferência, insultos e desrespeito". A relação de Teerã com
o Ocidente é marcada pela polêmica em torno de seu programa nuclear, suspeito de visar a
bomba atômica. O Irã nega.
O presidente referiu-se também ao fato de EUA, Reino Unido, França, Alemanha e Itália
não terem reconhecido sua reeleição e nem o cumprimentado
pela posse. "Alguns países não
respeitam os direitos de outras
nações. [Mas] ninguém no Irã
está esperando pelos cumprimentos de quaisquer países."
No Quênia, primeira escala
de seu giro pela África, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, disse que "a pessoa empossada hoje [ontem]
será considerada presidente.
Mas apreciamos e admiramos a
resistência e os esforços dos reformistas em busca da mudanças de que o Irã necessita".
Desde que assumiu, o presidente americano, Barack Obama, fez vários acenos ao regime
islâmico -inclusive uma mensagem no Ano-Novo local- no
sentido de abrir diálogo sobre o
programa nuclear do país. O
prazo informalmente estabelecido para que a abertura diplomática de Washington seja respondida por Teerã é setembro.
Boicote
Não compareceram à cerimônia os ex-presidentes Akbar
Hashemi Rafsanjani (1989-97)
e Mohammad Khatami (1997-2005) -mais importantes
apoiadores do principal candidato reformista derrotado, Mir
Hossein Mousavi- nem a
maioria dos 70 parlamentares
reformistas.
No pleito de junho, Mousavi
obteve 33% dos votos, contra os
63% de Ahmadinejad, que detém o apoio do líder supremo, o
aiatolá Ali Khamenei.
Segundo testemunhas, centenas de pessoas tentaram realizar manifestações no entorno
do Parlamento gritando "morte ao ditador", mas foram reprimidas pelos cerca de 5.000
membros de forças de segurança deslocados para o local.
Ao menos dez manifestantes
foram detidos, ainda segundo
testemunhas. Vários dos opositores estavam vestidos de preto, sinal de luto, e verde, símbolo da campanha de Mousavi.
Durante os protestos que se
seguiram à reeleição de Ahmadinejad, centenas de pessoas
foram detidas. No último sábado, teve início um julgamento
conjunto de cerca de cem delas
-inclusive o clérigo Mohammad Abtahi, que foi o vice-presidente de Khatami- sob acusação de incitar os protestos.
Com agências internacionais
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