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Saque de alimentos deixa ao menos 10 mortos na Somália
Testemunhas dizem que soldados iniciaram conflito, atirando contra a população em campo de refugiados
Incidente ressalta dificuldades e riscos da distribuição de ajuda humanitária na região, afetada por seca e fome
DIOGO BERCITO
DE SÃO PAULO
Ao menos dez pessoas morreram e 15 foram feridas ontem na Somália, quando homens armados disputaram com a população um carregamento de comida doado por entidades internacionais.
A disputa foi iniciada, segundo testemunhas, por soldados do governo interessados em roubar os alimentos distribuídos no acampamento na capital Mogadício. Há cerca de 30 mil refugiados no local, deslocados pela fome.
A crise já matou mais de 29 mil crianças abaixo de cinco anos apenas nos últimos três meses na região sul do país, segudo estimativa dos EUA.
Abdiweli Mohamed Ali, primeiro-ministro somali, condenou o ataque e ordenou à polícia que prendesse e levasse os responsáveis à Justiça. Em seguida, pediu desculpas às vítimas e prometeu que não haverá mais ataques.
O incidente de ontem ressalta as dificuldades e riscos logísticos do envio de ajuda humanitária à Somália. Entidades dizem já contar com perdas nesse processo.
Apesar da grave crise humanitária na região, o grupo armado Al Shabab proíbe as agências internacionais de enviar ajuda à população. Eles negam que haja fome.
"Um dos problemas que enfrentamos é a falta de acesso para levar ajuda", diz à
Folha Sandra Lefcovich, porta-voz do CICV no Brasil (Comitê Internacional da Cruz Vermelha), que atua no país.
Questão semelhante é enfrentada pelo MSF (Médicos Sem Fronteiras) -que prefere receber doações em dinheiro, em vez de em alimentos.
"A comida para desnutridos é bastante específica, quase um remédio", diz
Tyler Fainstat, diretor-executivo do MSF no Brasil. "O custo para enviar alimentos, além disso, é bastante alto."
Com agências de notícias
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