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Calderón é declarado vencedor no México
Decisão da Justiça põe fim a dois meses de batalha judicial; desafio para o novo presidente será reconciliação do país
Juízes eleitorais concluem
por unanimidade que não
houve fraude na votação de
2 de julho; López Obrador
não reconhece a decisão
Henry Romero/Reuters
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Felipe Calderón, ex-Ministro da Energia de Fox, e sua esposa, a ex-deputada Margarita Zavala, comemoram decisão judicial |
RAUL JUSTE LORES
DA REPORTAGEM LOCAL
O conservador Felipe Calderón foi proclamado ontem o
novo presidente do México pelo Tribunal Federal Eleitoral,
depois de dois meses da batalha
judicial sobre o resultado da
eleição de 2 de julho.
Os sete juízes do tribunal decidiram por unanimidade que
não houve fraude na eleição.
Calderón foi eleito por apenas
233 mil votos de vantagem sobre o esquerdista Andrés Manuel López Obrador, com
14.916.927 votos (Obrador obteve 14.683.096).
Na noite de ontem, o candidato derrotado afirmou que rejeita a a decisão da Justiça.
"Desconheço quem pretende
se ostentar como presidente.
Constituiremos um governo legítimo para refundar a república", disse Obrador.
O resultado mostra o México
dividido. Calderón venceu nas
classes alta e média e no norte
mais desenvolvido do país, enquanto Obrador ganhou na
classe baixa e no miserável sul
mexicano. "Chegou a hora da unidade e dos acordos. Quero incorporar as propostas mais valiosas da oposição", disse ontem o conservador.
Os juízes criticaram Fox por
quebrar a neutralidade presidencial e fazer declarações pró-Calderón durante a campanha,
mas disseram que sua intervenção não era razão para se
anular o resultado.
A campanha do vencedor,
candidato do presidente Vicente Fox, concentrou-se na defesa
da manutenção da estabilidade
econômica e na promessa de
mais reformas econômicas.
Além de aproveitar a enorme
popularidade de Fox, de 60%,
Calderón investiu pesado na
campanha negativa contra López Obrador, ex-prefeito da Cidade do México.
Comparou-o a Chávez e disse
que sua vitória seria um "perigo
para o México", com o retorno
da inflação e o descontrole da
dívida externa.
Calderón também recebeu
ajuda explícita da maior associação empresarial mexicana,
que pagou anúncios na tevê, e
da poderosa Televisa, a maior
rede de televisão mexicana.
Na novela "A feia mais bela",
versão local do sucesso colombiano "Betty, a Feia", personagens defenderam o voto em
Calderón.
Calderón enfrentará diversos desafios, além de ter que
contornar a forte polarização
do país. Com exceção de 2006,
onde o crescimento do PIB deve superar a taxa de 4,5%, o
crescimento nos seis anos do
governo Fox foi medíocre.
Mais de 45 dos 105 milhões
de mexicanos são pobres. Mais
de 400.000 imigram todos os
anos para os Estados Unidos
atrás de melhores salários e
condições de vida.
Perfil do vencedor
Advogado e economista, Calderón era desconhecido da
maioria dos mexicanos até o final de 2005, quando venceu a
disputa interna no Partido da
Ação Nacional (PAN).
Aos 44 anos, com mestrado
em Administração Pública por
Harvard, sua experiência administrativa no governo se resume a oito meses como ministro
da Energia e nove meses como
diretor de um banco estatal.
De família de classe média,
casado, com três filhos, sua
maior experiência vem dos bastidores da política mexicana.
Seu pai foi um dos fundadores
do PAN, e ele presidiu o partido
nos anos 90, antes do partido
conseguir dar fim a 71 anos de
hegemonia do Partido Revolucionário Institucional (PRI).
Muito conservador, ele recebeu o apoio do ex-premiê espanhol José María Aznar na campanha, grande interlocutor do
presidente americano George
W. Bush, que deve ter comemorado a escolha de um aliado no
vizinho do sul.
Católico de ir à missa todas as
semanas, Felipe de Jesus Calderón Hinojosa se manifestou
contrário à união civil de homossexuais, ao aborto e até
contra a pílula anticoncepcional conhecida como "do dia seguinte", distribuída pelos hospitais públicos mexicanos.
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