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China também invadiu rede britânica, diz jornal
Hackers ligados ao Exército atacaram computadores do governo, afirma o "Guardian"
Regime chinês já havia sido acusado de penetrar em sistemas do Pentágono e da Chancelaria alemã; notícias são "absurdo", diz Pequim
DA REDAÇÃO
Depois de atingir o Pentágono e a Chancelaria alemã, a
guerra cibernética chegou ao
governo britânico. Ainda sob o
impacto causado pelas invasões de computadores do Departamento da Defesa americano e do governo alemão, o jornal londrino "The Guardian"
noticiou ontem que as redes de
vários ministérios britânicos,
incluindo o das Relações Exteriores e o da Defesa, sofreram
ataques recentemente.
Como nos casos anteriores, o
maior suspeito é o Exército chinês, que, segundo especialistas
ocidentais, estaria usando a pirataria eletrônica como forma
de espionar e desestabilizar
seus adversários. O governo
chinês nega com veemência as
acusações, que chama de "absurdo", fruto de uma "mentalidade da Guerra Fria".
Na última terça-feira, autoridades americanas disseram
que militares chineses invadiram em junho uma rede informatizada do Pentágono, no que
foi considerado o mais bem-sucedido ataque cibernético já sofrido pelo Departamento da
Defesa dos EUA.
O ataque obrigou o Pentágono a fechar parte de um sistema
de computadores do gabinete
do secretário da Defesa, Robert
Gates, e especialistas do governo citados pelo jornal "Financial Times" afirmaram que uma
investigação apontara o Exército de Libertação Popular como
a origem da infiltração.
Rede vulnerável
O presidente americano,
George W. Bush, admitiu que
os EUA são vulneráveis a ataques cibernéticos e disse que
poderá levantar a questão no
encontro que terá hoje com o
presidente da China, Hu Jintao. Eles estão em Sydney, na
Austrália, para a cúpula da
Apec (Cooperação Econômica
da Ásia e do Pacífico).
Para Bush, é essencial que
parceiros comerciais respeitem "os sistemas e bases de conhecimentos" uns dos outros.
"É o que esperamos das pessoas
com quem negociamos", disse.
Além da conveniência que a
internet proporcionou aos governos de países desenvolvidos
em suas relações políticas e comerciais, a rede mundial de
computadores também criou
uma vulnerabilidade para a
qual ainda não há remédios infalíveis. Na semana passada, a
revista "Der Spiegel" afirmou
que hackers chineses haviam
invadido computadores do governo utilizando um vírus disfarçado do programa Word.
Sobre a reportagem publicada pelo "Guardian" ontem não
houve reação oficial. Mas um
especialista em segurança do
governo britânico confirmou
que são freqüentes as tentativas chinesas de penetrar nos
computadores do Estado.
"Eles estão interessados em
informação científica e tecnológica, civil e militar", disse ele
à agência Reuters, que não
identificou sua fonte. "Estão
interessados na aquisição de
inteligência política e econômica. E estão interessados em
monitorar dissidentes."
Sandra Bell, analista do Royal United Services Institute,
de Londres, comentou que a divulgação das ações de hackers
por duas semanas consecutivas
parece indicar uma disposição
das potências ocidentais em sinalizar ao regime chinês que
tais atividades são intoleráveis.
"A comunidade internacional parece estar dizendo: "Sabemos quem está fazendo e é bom
que isso acabe'", disse Bell.
Outros observadores lembram que pensadores militares
chineses há muito debatem o
uso de pirataria cibernética como parte de uma estratégia que
definem como "guerra assimétrica", a qual compensaria a
desvantagem em recursos bélicos convencionais de Pequim
em relação a seus rivais.
"Na era da informação, a influência de uma bomba atômica é talvez menor que a de um
hacker", comenta um relatório
do Exército chinês de 1999, intitulado "Guerra ilimitada".
Com agências internacionais
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