São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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China também invadiu rede britânica, diz jornal

Hackers ligados ao Exército atacaram computadores do governo, afirma o "Guardian"

Regime chinês já havia sido acusado de penetrar em sistemas do Pentágono e da Chancelaria alemã; notícias são "absurdo", diz Pequim

DA REDAÇÃO

Depois de atingir o Pentágono e a Chancelaria alemã, a guerra cibernética chegou ao governo britânico. Ainda sob o impacto causado pelas invasões de computadores do Departamento da Defesa americano e do governo alemão, o jornal londrino "The Guardian" noticiou ontem que as redes de vários ministérios britânicos, incluindo o das Relações Exteriores e o da Defesa, sofreram ataques recentemente.
Como nos casos anteriores, o maior suspeito é o Exército chinês, que, segundo especialistas ocidentais, estaria usando a pirataria eletrônica como forma de espionar e desestabilizar seus adversários. O governo chinês nega com veemência as acusações, que chama de "absurdo", fruto de uma "mentalidade da Guerra Fria".
Na última terça-feira, autoridades americanas disseram que militares chineses invadiram em junho uma rede informatizada do Pentágono, no que foi considerado o mais bem-sucedido ataque cibernético já sofrido pelo Departamento da Defesa dos EUA.
O ataque obrigou o Pentágono a fechar parte de um sistema de computadores do gabinete do secretário da Defesa, Robert Gates, e especialistas do governo citados pelo jornal "Financial Times" afirmaram que uma investigação apontara o Exército de Libertação Popular como a origem da infiltração.

Rede vulnerável
O presidente americano, George W. Bush, admitiu que os EUA são vulneráveis a ataques cibernéticos e disse que poderá levantar a questão no encontro que terá hoje com o presidente da China, Hu Jintao. Eles estão em Sydney, na Austrália, para a cúpula da Apec (Cooperação Econômica da Ásia e do Pacífico).
Para Bush, é essencial que parceiros comerciais respeitem "os sistemas e bases de conhecimentos" uns dos outros. "É o que esperamos das pessoas com quem negociamos", disse.
Além da conveniência que a internet proporcionou aos governos de países desenvolvidos em suas relações políticas e comerciais, a rede mundial de computadores também criou uma vulnerabilidade para a qual ainda não há remédios infalíveis. Na semana passada, a revista "Der Spiegel" afirmou que hackers chineses haviam invadido computadores do governo utilizando um vírus disfarçado do programa Word.
Sobre a reportagem publicada pelo "Guardian" ontem não houve reação oficial. Mas um especialista em segurança do governo britânico confirmou que são freqüentes as tentativas chinesas de penetrar nos computadores do Estado.
"Eles estão interessados em informação científica e tecnológica, civil e militar", disse ele à agência Reuters, que não identificou sua fonte. "Estão interessados na aquisição de inteligência política e econômica. E estão interessados em monitorar dissidentes."
Sandra Bell, analista do Royal United Services Institute, de Londres, comentou que a divulgação das ações de hackers por duas semanas consecutivas parece indicar uma disposição das potências ocidentais em sinalizar ao regime chinês que tais atividades são intoleráveis.
"A comunidade internacional parece estar dizendo: "Sabemos quem está fazendo e é bom que isso acabe'", disse Bell.
Outros observadores lembram que pensadores militares chineses há muito debatem o uso de pirataria cibernética como parte de uma estratégia que definem como "guerra assimétrica", a qual compensaria a desvantagem em recursos bélicos convencionais de Pequim em relação a seus rivais.
"Na era da informação, a influência de uma bomba atômica é talvez menor que a de um hacker", comenta um relatório do Exército chinês de 1999, intitulado "Guerra ilimitada".


Com agências internacionais


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