São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2000

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO
Acordo de cessar-fogo não reduz violência; EUA fecham embaixadas em países muçulmanos devido a manifestações
Israel e palestinos voltam a se enfrentar

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Palestinos e soldados israelenses voltaram a se enfrentar ontem, horas depois de um anúncio de cessar-fogo que pretendia pôr fim à violência em Israel e nos territórios palestinos.
Ao menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas. Um palestino de 20 anos levou um tiro no peito em Beit Jala (Cisjordânia). Segundo o diretor do principal hospital da cidade, que fica próxima a Belém, ao menos um dos feridos que chegaram ao local foi atingido por uma bala que explode dentro do corpo da vítima.
Ao menos 69 pessoas -57 palestinos, 9 árabes israelenses, 1 soldado israelense, 1 guarda fronteiriço e 1 civil judeu- morreram e mais de 2.000 ficaram feridas desde a última quinta-feira em Israel e nos territórios palestinos. Segundo a agência de notícias "France Presse", o número de vítimas chega a 74.
Os confrontos começaram após a visita de Ariel Sharon, líder do partido conservador Likud (oposição), à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, local sagrado para muçulmanos e judeus -que o chamam de Monte do Templo.
O Exército israelense disse que palestinos armados e soldados israelenses trocaram tiros perto do assentamento judaico de Netzarim, na Cisjordânia. Um palestino foi morto quando tentava retirar a bandeira israelense de um posto militar no local.
Forças de segurança de ambas as partes anunciaram que haviam chegado a uma trégua, mas os conflitos prosseguiram na região.

Reunião sem Barak
O líder palestino Iasser Arafat e a secretária de Estado dos EUA, Madeleine Albright, reuniram-se ontem em Sharm al Shaikh (Egito) com o presidente Hosni Mubarak.
O premiê de Israel, Ehud Barak, não participou do encontro de ontem, como havia inicialmente sido programado.
Barak disse que não havia previsão para a retomada das negociações de paz com os palestinos. Anteontem, em Paris, os líderes passaram várias horas reunidos.
Arafat voltou a pedir uma investigação internacional, com o apoio da ONU (Organização das Nações Unidas), para apurar as circunstâncias dos confrontos e a responsabilidade pelas mortes dos últimos dias.
"A situação é claramente muito trágica, muito séria. Nós todos estamos preocupados com a violência. Precisamos fazer todo o possível para acalmar a situação e evitar mais violência", afirmou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Israel defende a atuação de um grupo formado por representantes palestinos, israelenses e dos Estados Unidos, tradicional aliado do país.
O Parlamento Europeu criticou ontem Israel por causa do "uso desproporcional de força" para enfrentar os protestos palestinos e condenou "o gesto provocador de Ariel Sharon" (a visita à Esplanada das Mesquitas).
O órgão da União Européia pediu que o Exército de Israel "detenha imediatamente o uso da força" e disse que a França deve "redobrar os esforços para convencer as partes de que elas devem continuar a participar das negociações de paz".
Cerca de 5.000 iranianos se reuniram na praça da Palestina, em Teerã, para protestar contra Israel e queimar bandeiras do país. Protestos semelhantes ocorreram na Jordânia e no Egito.

Embaixadas fechadas

Os EUA ordenaram ontem o fechamento de todas as embaixadas e os consulados norte-americanos em países muçulmanos por um período de quatro a cinco dias, para prevenir eventuais incidentes por causa da onda de violência no Oriente Médio.
O governo norte-americano já havia advertido seus cidadãos no exterior para tomar cuidado com manifestações violentas.

Dia da Criança Árabe
A Liga Árabe proclamou ontem o dia 1º de outubro o "Dia da Infância Árabe".
Naquela data, TVs do mundo inteiro mostraram a morte do menino palestino Mohammed Jamal al Durah, 12, durante tiroteio, na faixa de Gaza.
O pai do menino, Jamal al Durah, 37, ficou ferido ao tentar proteger o filho.
O Exército israelense admitiu a responsabilidade pela morte do menino. O presidente dos EUA, Bill Clinton, disse que a imagem "partiu o coração" dele.



Texto Anterior: Revolta iugoslava lembra ciclo de mudanças no leste da Europa
Próximo Texto: Manifestação do Hamas pode elevar a tensão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.