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ORIENTE MÉDIO
Acordo de cessar-fogo não reduz violência; EUA fecham embaixadas em países muçulmanos devido a manifestações
Israel e palestinos voltam a se enfrentar
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Palestinos e soldados israelenses voltaram a se enfrentar ontem,
horas depois de um anúncio de
cessar-fogo que pretendia pôr fim
à violência em Israel e nos territórios palestinos.
Ao menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas.
Um palestino de 20 anos levou
um tiro no peito em Beit Jala (Cisjordânia). Segundo o diretor do
principal hospital da cidade, que
fica próxima a Belém, ao menos
um dos feridos que chegaram ao
local foi atingido por uma bala
que explode dentro do corpo da
vítima.
Ao menos 69 pessoas -57 palestinos, 9 árabes israelenses, 1
soldado israelense, 1 guarda fronteiriço e 1 civil judeu- morreram
e mais de 2.000 ficaram feridas
desde a última quinta-feira em Israel e nos territórios palestinos.
Segundo a agência de notícias
"France Presse", o número de vítimas chega a 74.
Os confrontos começaram após
a visita de Ariel Sharon, líder do
partido conservador Likud (oposição), à Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém, local sagrado
para muçulmanos e judeus -que
o chamam de Monte do Templo.
O Exército israelense disse que
palestinos armados e soldados israelenses trocaram tiros perto do
assentamento judaico de Netzarim, na Cisjordânia. Um palestino
foi morto quando tentava retirar a
bandeira israelense de um posto
militar no local.
Forças de segurança de ambas
as partes anunciaram que haviam
chegado a uma trégua, mas os
conflitos prosseguiram na região.
Reunião sem Barak
O líder palestino Iasser Arafat e
a secretária de Estado dos EUA,
Madeleine Albright, reuniram-se
ontem em Sharm al Shaikh (Egito) com o presidente Hosni Mubarak.
O premiê de Israel, Ehud Barak,
não participou do encontro de
ontem, como havia inicialmente
sido programado.
Barak disse que não havia previsão para a retomada das negociações de paz com os palestinos.
Anteontem, em Paris, os líderes
passaram várias horas reunidos.
Arafat voltou a pedir uma investigação internacional, com o
apoio da ONU (Organização das
Nações Unidas), para apurar as
circunstâncias dos confrontos e a
responsabilidade pelas mortes
dos últimos dias.
"A situação é claramente muito
trágica, muito séria. Nós todos estamos preocupados com a violência. Precisamos fazer todo o possível para acalmar a situação e evitar mais violência", afirmou o secretário-geral da ONU, Kofi Annan.
Israel defende a atuação de um
grupo formado por representantes palestinos, israelenses e dos
Estados Unidos, tradicional aliado do país.
O Parlamento Europeu criticou
ontem Israel por causa do "uso
desproporcional de força" para
enfrentar os protestos palestinos e
condenou "o gesto provocador de
Ariel Sharon" (a visita à Esplanada das Mesquitas).
O órgão da União Européia pediu que o Exército de Israel "detenha imediatamente o uso da força" e disse que a França deve "redobrar os esforços para convencer as partes de que elas devem
continuar a participar das negociações de paz".
Cerca de 5.000 iranianos se reuniram na praça da Palestina, em
Teerã, para protestar contra Israel
e queimar bandeiras do país. Protestos semelhantes ocorreram na
Jordânia e no Egito.
Embaixadas fechadas
Os EUA ordenaram ontem o fechamento de todas as embaixadas
e os consulados norte-americanos em países muçulmanos por
um período de quatro a cinco
dias, para prevenir eventuais incidentes por causa da onda de violência no Oriente Médio.
O governo norte-americano já
havia advertido seus cidadãos no
exterior para tomar cuidado com
manifestações violentas.
Dia da Criança Árabe
A Liga Árabe proclamou ontem
o dia 1º de outubro o "Dia da Infância Árabe".
Naquela data, TVs do mundo
inteiro mostraram a morte do
menino palestino Mohammed Jamal al Durah, 12, durante tiroteio,
na faixa de Gaza.
O pai do menino, Jamal al Durah, 37, ficou ferido ao tentar proteger o filho.
O Exército israelense admitiu a
responsabilidade pela morte do
menino. O presidente dos EUA,
Bill Clinton, disse que a imagem
"partiu o coração" dele.
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