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entrevista
Não há quebra de contrato, diz ministro
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Para o ministro equatoriano de Minas e Petróleo, Galo
Chiriboga, o inesperado aumento de 50% para 99% da
participação do Estado no faturamento excedente das
empresas estrangeiras com o
petróleo foi apenas a "regulamentação de uma situação
de mercado". Ele negou que
a medida seja sintoma de insegurança jurídica no país.
"Os contratos não são atingidos em nada, portanto não
haveria por que consultá-los", disse Chiriboga em entrevista por telefone à Folha.
Leia os principais trechos.
FOLHA - Por que o aumento da
tributação ocorreu antes das renegociações dos contratos?
GALO CHIRIBOGA - As negociações com as empresas petroleiras dão preferência aos
contratos. Mas essa decisão
de participação no aumento
dos preços [do petróleo] não
está nesses contratos. É simplesmente um ato de execução de uma lei melhorando a
participação do Estado no
aumento dos preços do petróleo. Os contratos não são
atingidos em nada, portanto
não haveria por que consultá-los.
FOLHA - Essa modificação, considerada uma surpresa pelo setor
petroleiro, não aumenta a insegurança jurídica?
CHIRIBOGA - Não há nenhuma insegurança jurídica.
Volto a repetir: não estamos
modificando contratos, estamos regulamentando uma
situação de mercado. As empresas petroleiras não haviam pactuado nada em seus
contratos em relação à participação delas caso o preço
aumentasse.
O que estava acordado é
que, se baixasse o preço do
petróleo, o Estado teria que
compensar os investimentos
[das empresas], com o que,
aliás, estou de acordo. Mas
não se pactuou que, quando
o preço subisse, haveria benefício ao Estado.
FOLHA - O que o governo quer
modificar nos contratos?
CHIRIBOGA - As empresas hoje têm um contrato de participação que crêem desfavorável. Eu proponho sair desses contratos para um novo,
de prestação de serviços. O
que propomos fazer é, por
parte do Estado, ter um sistema de controle muito mais
eficiente sobre os investimentos que as empresas privadas fazem para extrair.
FOLHA - É uma modificação semelhante à da Bolívia, que também migrou para contratos de
prestação de serviços?
CHIRIBOGA - Não, absolutamente diferente. Aqui temos
vários tipos de contrato, e
um dos que a nossa legislação prevê é o de prestação de
serviço. O que propomos é
que, se as empresas estiverem de acordo, buscaremos
sair de um contrato de participação para um contrato de
prestação de serviços, como
ocorria anos atrás.
FOLHA - O Equador anunciou a
licença ambiental para a exploração do bloco 31 da Petrobras, localizado num parque nacional,
mas não oficializou. Por quê?
CHIRIBOGA - Há uma exigência internacional de proteção
aos povos [indígenas] não-contatados. A Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA exigiu a tomada
de algumas medidas cautelares, que estão sendo cumpridas pelo Estado equatoriano.
Na próxima semana, há uma
audiência sobre o caso em
Washington. A decisão ambiental não é só ambiental.
Tem a ver também com o
cumprimento das medidas
cautelares dessa Corte.
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