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Enviado da ONU pede libertação de presos de Mianmar
EUA ameaçam regime com punições, mas a China diz que vetaria porque a crise birmanesa é "um problema interno"
Relatório põe em dúvida as informações oficiais de que apenas dez manifestantes teriam sido mortos durante repressão de protesto
DA REDAÇÃO
Reunido com os integrantes
do Conselho de Segurança, o
enviado das Nações Unidas a
Mianmar, Ibrahim Gambari,
advertiu aquele país asiático
sobre as repercussões internacionais da repressão à dissidência pró-democracia e reiterou a
necessidade de libertar todos
os prisioneiros políticos.
Os Estados Unidos ameaçaram novamente a votação de
sanções contra a ditadura militar, mas a China afirma que vetaria o texto porque os protestos em Mianmar são "um assunto interno" que não ameaça
a segurança internacional.
Número de mortos
Gambari esteve na ex-Birmânia até terça-feira, e o informe
que apresentou não se atêm aos
eufemismos diplomáticos. Citou "informações contínuas e
revoltantes sobre abusos das
forças de segurança, particularmente no período noturno, como a invasão de domicílios,
agressões físicas, prisões arbitrárias e desaparecimentos".
Também pôs em dúvida as
informações oficiais de que
apenas dez manifestantes teriam sido mortos durante os
protestos desencadeados em 19
de agosto. A oposição afirma
que 200 morreram e que o número de presos é de 6.000.
A televisão estatal do país
disse ontem que 2.095 foram
presos, mas quase todos já haviam sido libertados, sobretudo
728 dos monges budistas que lideravam as manifestações de
rua. O governo diz que apenas
109 monges continuam presos.
O embaixador americano na
ONU, Zalmay Khalilzad, insistiu na necessidade de sanções,
caso o regime militar "não responda construtivamente à demanda da comunidade internacional" pela democracia.
Mas o embaixador chinês,
Wang Guangya, disse que sanções elevariam a tensão e criariam um clima de "desconfiança e confronto".
A Rússia, que em janeiro se
associara à delegação chinesa
para impedir que o Conselho de
Segurança punisse a ditadura
birmanesa, deu ontem a impressão de somar forças com as
delegações ocidentais.
Reiterou a "séria preocupação" com a situação e disse que,
ao contrário de 1988 (protestos
que fizeram 3.000 mortos), "o
mundo está atento" ao que se
passa naquele país, cuja população "não abandonaremos".
Diálogo de surdos
A líder da oposição em Mianmar, Aung San Suu Kyi, que está em prisão domiciliar -foi a
sua condição durante 12 dos 18
últimos anos- rejeitou ontem
as condições impostas pelo ditador Than Shwe para a abertura de um diálogo.
A Liga Nacional pela Democracia, que Kyi lidera, qualificou de "rendição" e de "proposta surreal" a exigência para que
ela, antes de se avistar com
Shwe, reconsidere seus "apelos
à rebelião".
A Casa Branca se posicionou
ao lado de Kyi. "O diálogo deve
ser incondicional", disse o porta-voz Tony Flato.
Em Genebra, o secretário-geral da União Internacional de
Telecomunicações, Hamadoun
Toure, disse que, ao desconectar a internet de seu território,
o regime birmanês "está violando o direito que seus cidadãos têm de se comunicar".
Horas depois, a France Presse informava que, depois de
uma interrupção de uma semana, os dois provedores de acesso de Mianmar já voltavam a
operar. O blecaute no acesso à
rede fora atribuído por burocrata local a um problema com
um cabo submarino.
Com agências internacionais
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