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Social-democrata vence na Guatemala
Após ficar atrás nas pesquisas, Álvaro Colom é eleito presidente com votos do interior indígena e promete governo com "rosto maia"
Ganhador, que bateu militar com discurso antipobreza e contra militarização da segurança, disse que usará Exército contra traficantes
Esteban Felix/Associated Press
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O presidente eleito, Álvaro Colom, cumprimenta eleitores; político ajudou a negociar acordo de 1996 que terminou guerra civil
DA REDAÇÃO
Ao contrário do que prognosticava a maior parte das pesquisas de opinião, o social-democrata Álvaro Colom, 56, foi eleito presidente da Guatemala,
vencendo no segundo turno o
general da reserva Otto Pérez
Molina, do direitista PP (Partido Patriótico).
Colom, em sua terceira disputa presidencial, teve 52,84%
dos votos contra 47,16% de Pérez Molina nas eleições de anteontem. Após uma campanha
violenta -50 pessoas, entre
candidatos, assessores e familiares, foram mortas-, não
houve incidentes, mas a abstenção foi alta: 48%.
"Isso é um "não" à trágica história da Guatemala, país cansada de linha-dura", disse o presidente eleito pela centro-esquerdista UNE (União Nacional pela Esperança), em referência à vitória contra seu oponente militar, que pregou "mão
firme" e soldados na rua contra
a criminalidade.
A escalada de violência nas
ruas foi o grande tema da eleição no país -que teve governos
militares até 1986 e encerrou a
guerra civil só dez anos depois.
A maneira de enfrentar a delinqüência comum e dos cartéis de
drogas opôs os candidatos.
A Guatemala tem os piores
índices de homicídios da América Latina, depois dos da Colômbia. O tráfico de cocaína,
rota para o mercado americano, controla setores da capital e
do interior, em especial na porosa fronteira com o México.
Colom foi eleito prometendo
repressão ao crime com forças
civis e a criação de empregos
para diminuir a pobreza -56%
da população vive com menos
de US$ 2 por dia.
Ontem, porém, em entrevista à agência Reuters, Colom
disse que usará o Exército contra os cartéis de drogas: "Há
cartéis que têm seus próprios
exércitos [na fronteira]. Não
podemos ir lá com a polícia sozinha, temos que ir com o Exército, como uma operação de
guerra, se de fato quisermos tomar o território de volta".
"Rosto maia"
O presidente eleito se identifica com os governos de esquerda da região e define-se como
moderado: sempre elogia Luiz
Inácio Lula da Silva e a chilena
Michelle Bachelet e ontem voltou a dizer que quer uma "relação normal" com a Venezuela.
"Tenho o propósito de converter a Guatemala em um país
social-democrata, mas com
rosto maia, com cheiro de tamal de milho", disse o presidente eleito ao país onde 43%
da população é indígena.
Colom, ex-empresário do ramo têxtil, é sacerdote maia (um
dos três únicos não-indígenas a
ter o título) e deve parte de sua
vitória a essa conexão: perdeu
na capital, mas reverteu a vantagem com os votos do interior
majoritariamente indígena.
O novo presidente toma posse em janeiro para um mandato
até 2012. Não terá maioria no
Parlamento: só 52 das 158 cadeiras. Um dos primeiros desafios no Legislativo será decidir
o que fazer com a pena de morte, em limbo legal desde 2000.
Há 21 pessoas no corredor da
morte, e Colom, na campanha,
foi dúbio sobre o tema, mas defendeu as execuções.
Ele assume com a economia
aquecida -crescimento de 5%
-e em adaptação ao acordo de
livre comércio com os EUA.
O presidente eleito diz querer melhorar as relações com a
Casa Branca, mas tem pela
frente o drama das deportações
-20 mil guatemaltecos tiveram de deixar os EUA em 2006.
Com agências internacionais e"Financial Times"
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