São Paulo, sábado, 06 de novembro de 2010

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Em 1 ano, patrimônio dos congressistas aumenta US$ 85 mi

Fortuna só no Senado é estimada em US$ 680 milhões; 54 senadores possuem renda superior a US$ 1 milhão

Bens como obras de arte e antiguidades não entram; valores são declarados por faixa e acabam subestimados

DE WASHINGTON

Quando os americanos reclamam que os políticos de Washington estão distantes da realidade, em um ponto têm razão: congressistas, mesmo com a crise econômica, estão cada vez mais ricos.
Após a eleição de meio de mandato presidencial mais cara da história -mais de US$ 4 bilhões gastos em campanhas em todos os níveis-, uma análise da lista dos 50 congressistas mais ricos de Washington mostra que eles acumularam mais de US$ 1,4 bilhão nas declarações de renda entregues em 2010.
É um aumento de US$ 85,1 milhões em relação a 2009. A lista tem 27 democratas e 23 republicanos -30 são deputados e 20, senadores.
Proporcionalmente, o Senado no formato atual dá exemplo de enriquecimento. Estudo do jornal "Roll Call" sobre as declarações financeiras do Senado em 2010 mostra que mais de metade dos senadores aumentou suas fortunas desde 2009.
No total, 54 senadores disseram ter bens avaliados em no mínimo US$ 1 milhão. Outros quatro ficaram de fora do "clube dos milionários" por menos de US$ 100 mil.
A contagem mais conservadora sobre quanto acumulam os senadores ficou em US$ 680 milhões, aumento superior a 4% em relação ao declarado no ano passado.
E é muito provável que os valores subestimem a fortuna real, pois na declaração é possível colocar o valor de bens por faixas mínimas.
Por exemplo: o senador e empresário Herb Kohl (democrata de Wisconsin) é listado como um dos mais pobres, mas deve ser um dos mais ricos.
Ele é dono do time de basquete da NBA Milwaukee Bucks, declarado como valendo "ao menos US$ 50 milhões". O valor real do time, segundo a revista "Forbes", é de mais de US$ 250 milhões.
Pelas declarações, o congressista mais rico é o democrata John Kerry (Massachusetts), que listou fortuna de US$ 188 milhões (US$ 20 milhões a mais que em 2009).
Vários outros senadores notaram aumento de suas contas bancárias por conta de heranças, o que indica que não só são ricos como vêm de famílias abastadas -bem longe de "main street", como aludem aos americanos comuns de pequenas cidades do país.
As declarações de renda dos congressistas ainda deixam de fora bens como propriedades não produtivas, obras de arte, antiguidades e itens de colecionador.
E no que depender dos candidatos que chegaram ao Capitólio em 2010, o cenário não vai mudar muito: todos os dez membros mais ricos do Congresso em 2010 continuarão lá no ano que vem.
Os deputados Darrell Issa e Jane Harman (Califórnia), Michael McCaul (Texas), Jared Polis (Colorado) e Vern Buchanon (Flórida) conseguiram se reeleger. Já os senadores Kerry, Jay Rockefeller, Mark Warner, Frank Lautenberg e Diane Feinstein não disputaram neste ano (um terço do Senado é renovado a cada dois anos).
Não faltaram também candidatos milionários. Fortunas pessoais de aspirantes ao Congresso despejaram US$ 153 milhões em campanhas.
Mas nem sempre o dinheiro adiantou: a campeã de gastos foi a derrotada Linda McMahon, candidata republicana ao Senado por Connecticut, que investiu US$ 22 milhões do próprio bolso. (ANDREA MURTA)


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