São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011 |
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Países fora do euro assistem à crise em relativa calmaria Alguns dos sócios do bloco que não adotaram a moeda comum convivem com deficit e dívidas públicas menores Suécia, por exemplo, tem superavit fiscal; a dívida do país corresponde a menos de 40% de seu PIB
JULIANA ROCHA DE SÃO PAULO A saída da Grécia da zona do euro neste momento a levaria ao calote total de sua dívida e poderia significar o fim da moeda comum. Mas os países em crise podem se perguntar se foi a melhor decisão aderir ao grupo dos 17. Enquanto os principais alvos da desconfiança do mercado usam o euro, outros sócios da União Europeia que mantiveram suas moedas nacionais nadam em um mar de tranquilidade. É o caso da Suécia. Com sua coroa sueca, tem superavit fiscal enquanto a maioria dos sócios tem as contas públicas no vermelho. A dívida do país é inferior a 40% do seu PIB (soma das riquezas). A Dinamarca, que manteve a coroa dinamarquesa, tem um dos menores deficit públicos da região, de 2,6%, e dívida de 47,5% do PIB -nível considerado saudável. Já o Reino Unido, que também manteve a libra esterlina como moeda, não tem a mesma tranquilidade econômica. Mas com o terceiro maior deficit público do bloco, de 10,3%, não é visto como próxima vítima da crise. O Reino Unido, como os demais países de fora da zona do euro, conta com seu próprio banco central e tem total poder sobre sua moeda. Os países da zona do euro estão subordinados às políticas do BCE (Banco Central Europeu), que segue a cartilha imposta pelos europeus mais ricos, principalmente a Alemanha. Um trunfo nesta crise é o poder de comprar títulos da dívida pública e ajudar a segurar o retorno exigido pelos investidores sem precisar consultar os sócios. O banco britânico tem poderes para forçar a desvalorização da moeda se for necessário. E também de manter os juros baixos para impedir que a dívida aumente e aliviar as tensões sobre a economia -o que efetivamente tem sido feito ao manter a taxa no menor nível histórico, de 0,5%. Embora o primeiro-ministro grego, George Papandreou, tenha levantado a discussão sobre deixar a zona do euro ao ameaçar um plebiscito na semana passada, agora é tarde para a Grécia e outros países em crise pensarem em deixar a moeda comum. SAÍDA "Se a Grécia deixar o euro, vai se tornar uma segunda Argentina [que deu calote há dez anos]", diz um dos mais respeitados especialistas em Grécia na Europa, o professor da London School of Economics Kevin Featherstone. Ele explica que o país seria obrigado a dar o calote total em sua dívida e em parte das contas públicas por falta de dinheiro. E passaria por cerca de uma década de crise, sem acesso a financiamento no mercado financeiro. "É melhor dar o calote na zona do euro do que fora dela", concorda o economista-chefe da consultoria americana IHS Global Insight, Nariman Behravesh. É pelo risco de quebrar definitivamente que 70% da população grega é a favor de se manter na zona do euro. O professor da LSE avalia, ainda, que a entrada na zona do euro foi positiva para a Grécia. Trouxe estabilidade econômica, redução da inflação e das taxas de juros. Featherstone foi um defensor da entrada do Reino Unido na zona do euro no passado por acreditar que facilitaria o comércio com os demais países do bloco. Mas hoje ele admite que a economia britânica tem vantagens sobre os sócios que não controlam mais sua política monetária. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: 51% dos desempregados nos EUA não têm ajuda Índice | Comunicar Erros |
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