São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2011

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Líder de guerrilha colombiana é morto

Alfonso Cano, número 1 das Farc desde 2008, foi atingido por um ataque militar anteontem no sudoeste do país

Morte é novo golpe para o grupo e triunfo para o presidente Juan Manuel Santos, que era alvo de questionamentos

FLÁVIA MARREIRO

DE CARACAS

A morte de Alfonso Cano, líder máximo das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), em bombardeio anteontem no sudoeste colombiano, mergulha a guerrilha mais antiga do continente numa profunda crise de liderança, mas é improvável que sele sua derrota militar ou acelere, no curto prazo, negociações de paz.
Aos 63 anos, Cano -codinome do professor universitário de Bogotá Guillermo León Sáenz convertido em guerrilheiro nos anos 70- comandava as Farc desde 2008.
Ele substituía o líder histórico do grupo Manuel Marulanda, "Tirofijo", que morreu de ataque cardíaco em 2008.
A eliminação do chefe máximo da guerrilha se soma a uma lista de reveses para as Farc em apenas quatro anos.
Em 2008, um polêmico bombardeio colombiano no Equador matou o então número 2 da guerrilha, Raúl Reyes. No ano passado, o alvo foi Jorge Briceño, o "Mono Jojoy", czar militar e o coordenador logístico do grupo.
"Foi abatido o número 1 das Farc, o golpe mais contundente já imposto a essa organização em toda a sua história", comemorou o presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, num breve discurso na TV. Ele ainda afirmou que este é o momento para que os guerrilheiros larguem suas armas.
Segundo o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzón, Cano morreu na manhã de sexta, em uma zona montanhosa do departamento de Cauca, estratégica para o controle das rotas do narcotráfico, a principal fonte de financiamento das Farc.

SEM BARBA
O líder estava sem a barba com a qual aparecia nos vídeos das Farc e não contava com grande estrutura de segurança. O governo apreendeu sete computadores e 139 cartões de memória USB.
"As Farc entram agora em uma crise de liderança muito grave. Não há no horizonte alguém com o conhecimento, a experiência e o respeito dos demais como Cano", diz o especialista em segurança colombiano Alfredo Rangel.
O golpe contra as Farc ocorre num momento político importante para Santos, que enfrentava crescentes críticas pelo aumento de atentados e sequestros das Farc. Em outubro, 20 soldados morreram em ataques do grupo.
Rangel e Silke Pfeiffer, diretora do centro de estudos International Crisis Group em Bogotá, concordam que, a médio prazo, a maior fragilidade da guerrilha pode ajudar negociações de paz.
"Num primeiro momento, é provável que ocorram retaliações das Farc. Vão tentar mostrar toda a força que lhes restam. Mas o governo, com todo seu capital político, não pode perder a oportunidade de convocar negociações de paz", diz Pfeiffer.


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