|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Morales pedirá sua confirmação no cargo
Presidente envia ao Congresso pedido de referendo revogatório do seu mandato e do dos governadores
FLÁVIA MARREIRO
ENVIADA ESPECIAL A LA PAZ
Após quase dois anos de uma
arrastada crise com governadores de oposição, o presidente
boliviano, Evo Morales, convocou ontem, em pronunciamento transmitido pela TV estatal,
um referendo revogatório do
seu próprio mandato e do dos
governadores.
"Amanhã vou mandar um
projeto de lei ao Congresso para que convoque esse referendo", afirmou. "Se o povo disser
para eu ir embora, não tenho o
menor problema com isso. [...]
Nossa proposta é a mais democrática, a mais consciente e espero que resolva os problemas
do país. Que o povo diga sim ou
não a esse processo de mudança", continuou.
No discurso, Morales acusou
os governadores de Santa Cruz,
Pando, Tarija, Cochabamba e
Beni, que segundo ele representam "as forças conservadoras" contra seu projeto, de manipular a população de seus departamentos e pagar jovens para fazer greve de fome.
Os dirigentes oposicionistas
estão nos EUA para reclamar
das atitudes do governo na
OEA (Organização dos Estados
Americanos) e com a ONU.
O referendo revogatório já
havia sido pedido por vários
dos governadores oposicionistas, entre eles o do poderoso
departamento (Estado) de Santa Cruz, Rubén Costa.
Segundo os oposicionistas, o
governo está "violando a democracia" ao levar adiante a tramitação da nova Constituição.
Eles sustentam que a aprovação do texto geral da Carta, em
um quartel da cidade de Sucre,
no último dia 24, sem a presença da oposição, foi ilegal, porque não respeitou os regulamentos da Assembléia Constituinte. Antes da aprovação, a
oposição vinha boicotando as
sessões do órgão.
Três pessoas morreram em
enfrentamentos entre manifestantes pró e contra o governo e com a Polícia Nacional em
Sucre. As mortes ainda estão
sendo investigadas.
Os governadores também
querem a revisão da lei que distribuirá um benefício mensal a
idosos mediante redução do repasse de 30% do IDH (Imposto
Direto sobre os Hidrocarbonetos) às regiões.
Morales foi eleito em 2005
com 54% dos votos. Pesquisa
divulgada na sexta pelo instituto Ypsos mostra queda na popularidade do presidente, de
62% em outubro para 52%. O
presidente é bem visto por 72%
na cidade de La Paz, mas só por
23% na cidade de Santa Cruz.
O estudo é feito só nas principais zonas urbanas. O governo
aposta que seu apoio é maior no
campo.
Texto Anterior: Bolívia: MAS propõe levar constituinte para Chapare Próximo Texto: Atirador mata 8 em shopping dos EUA Índice
|